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DRE Santo Amaro realiza seminário sobre Educação Inclusiva
Ação teve a participação de sociólogas, educadoras, psicóloga e até uma apresentação de esgrima de cadeira de rodas
Publicado em: 15/12/2023 17h45 | Atualizado em: 15/12/2023A Diretoria Regional de Educação (DRE) de Santo Amaro realizou, no dia 05 de dezembro, o “Seminário de Educação Inclusiva: os diferentes olhares no processo da Educação Inclusiva”, um evento repleto de aprendizagens.
A iniciativa aconteceu no teatro do CEU Caminho do Mar. Foi organizado com a finalidade de proporcionar discussões sobre questões do cotidiano escolar relacionadas à inclusão e educação, igualdade e diferença, na sua complexidade e multidimensionalidade, a fim de contribuir com os profissionais da educação para que exerçam seu papel de agentes da inclusão sociocultural.
E não faltaram relatos nas apresentações que contemplaram os períodos matutino e vespertino. O evento contou com a participação de sociólogas, de educadoras de diversas Unidades Escolares, uma psicóloga, uma Professora de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (PAAI) do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI) de Santo Amaro, uma Professora de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) Colaborativa e até uma apresentação de esgrima de cadeira de rodas da Escola Paralímpica de Esportes.
Abaixo, saiba um pouco mais sobre cada uma das apresentações que integraram o evento.
Socióloga Marta Gil: a inclusão como área de conhecimento
Iniciando as apresentações, no período da manhã, a socióloga e fundadora da Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, Marta Gil, fez uma retrospectiva histórica e afirmou que pessoas com deficiência existem desde sempre, e comentou sobre os processos que ocorreram ao longo da História: o de exclusão, de segregação, de integração e, por fim, o da inclusão.
Ela definiu a inclusão como área de conhecimento, destacando que é preciso fazer pesquisas mais aprofundadas que colaborem com a constante evolução desse processo.
“A inclusão é na vida, não ocorre somente na escola ou na família. A inclusão precisa ocorrer no ambiente de trabalho, na rua e no nosso cotidiano”, afirmou.
A fundadora do Amankay também abordou como a relação entre a escola e a família é fundamental para a evolução e aprendizagem das crianças com deficiência. Segundo ela, a escola é o primeiro ambiente social das pessoas e que os familiares devem fazer o possível para apoiar a vida acadêmica de seus filhos e filhas.
No encerramento, Marta Gil divulgou uma série de blogs, artigos acadêmicos, canais do YouTube, páginas de redes sociais e links acerca dos mais diversos temas referentes à acessibilidade e inclusão, além de exemplos reais que ajudam pessoas com deficiência no dia a dia.
“Para vencer o preconceito, é importante circular cada vez mais informações sobre isso. Esse tipo de coisa contagia as pessoas. Também devemos intervir quando vemos algo de errado. É um processo demorado, não tem ‘receita’, mas está em constante evolução”, finalizou.
Maria Maranhão: a inclusão na prática
Em seguida, a professora Maria Maranhão realizou uma apresentação cultural. Ela convidou todos que estavam na plateia para que subissem ao palco e participassem da roda de música. Dessa forma, ela não teceu comentários ou explicações sobre a inclusão, mas demonstrou como ela ocorre na prática, onde todos no palco estavam como iguais e realizando a mesma atividade de forma colaborativa.
Valéria Oliveira: espaços qualificados de cuidados básicos de saúde e bem-estar dos estudantes
A diretora da EMEF Ministro Calógeras, Valéria Oliveira, comentou sobre a importância de qualificar os espaços de cuidados básicos com a saúde para atender as crianças público da educação especial que necessitam de apoio nas atividades da vida diária. Pós-graduada em altas habilidades e superdotação, Valéria deu exemplos práticos de reformas realizadas em sua unidade para atender as necessidades de apoio à higiene e locomoção dos estudantes com deficiência, com foco no respeito ao atendimento dos estudantes.
Fernanda Falkoski: alfabetização e letramento
Coordenadora Pedagógica (CP) da Associação Educacional para Múltiplas Deficiências (Ahimsa), a professora doutora Fernanda Falkoski, abordou a alfabetização das crianças e os desafios e diferenças para crianças com deficiência. Em seu relato, ela pontuou que, por meio de suas pesquisas e experiências pessoais, estabeleceu a comunicação como ponto essencial desse processo.
“Toda e qualquer pessoa se expressa, basta lermos as informações e entendermos os sinais. No caso das crianças com deficiência, não é diferente, só precisamos aprender uma forma de comunicação efetiva”, afirmou Fernada.
Sendo assim, Fernanda apresentou uma série de possíveis sistematizações para crianças com deficiência múltipla e surdocegueira, método que envolve as diversas aprendizagens envolvidas no letramento e que podem beneficiar crianças com e sem deficiência.
“Com as crianças surdocegas, nós temos que envolver duas línguas e um código: Língua Portuguesa e Libras, enquanto linguagens, e o Braille como código. É trabalhoso, mas possível. As escolas precisam fazer readequações nos seus espaços e facilitar o acesso dessas crianças”, disse.
Valéria Turin: amor de mãe não se compara
Valéria Turin é mais do que uma professora da EMEF Conde Pereira Carneiro; ela também é mãe de Pietro, um menino de 12 anos que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). No período da tarde, ela cantou algumas músicas e mostrou que amor de mãe não se compara. Sozinha, ela cantou “Tudo é tão simples”, música de autoria própria e escrita em homenagem ao filho. Depois, acompanhada de Pietro, eles cantaram “Canto do sabiá”, também de autoria própria, e “Verso simples”, de Armandinho.
Escola Paralímpica de Esportes: esgrima de cadeira de rodas contagia a plateia
Depois da apresentação de Valéria, a Escola Paralímpica de Esportes – representada por Caio Lima, Felipe Barboza e Alcione Silva – levou dois integrantes da equipe de esgrima de cadeira de rodas. Henrique Torres e Rafael Tassone foram escolhidos para falar sobre a modalidade e até duelaram, fato que contagiou a plateia.
“Eu sempre acompanhei as Olimpíadas, em especial a esgrima. E disputar esse esporte foi a realização de um sonho para mim, que sempre quis ser esgrimista profissional”, contou Henrique.
Rafael Tassone, por outro lado, comentou sobre a importância do esporte na vida dele e disse ter encontrado “uma luz”. “Entrar na esgrima foi ‘uma luz’ na minha vida. Eu estou na cadeira de rodas há 7 anos e estava sem rumo na vida. Então, entrei na esgrima, me apaixonei pelo esporte e consegui encontrar de novo o meu caminho”.
O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) localiza-se na Rodovia dos Imigrantes KM 11,5 – Vila Guarani, Zona Sul de São Paulo, e atende crianças e adolescentes de 7 a 14 anos em diferentes modalidades esportivas. Para acesso, é preciso que a família preencha o formulário disponível no site e aguarde contato para iniciar os treinamentos em esportes variados.
Cristiane Antunes Vianna: PAAI do CEFAI – Santo Amaro fala sobre familiar com deficiência
Cristiane Antunes Vianna, PAAI do CEFAI – Santo Amaro, comentou sobre sua experiência pessoal e contou de seu irmão, que tem deficiência. Ela falou como a família lidou com essa situação e destacou a importância de ele ter sido criado, desde que nasceu, da mesma forma que as outras crianças da família, as quais não tinham deficiências. Segundo Cristiane, isso foi um exemplo prático de inclusão e foi um fator importante para o amadurecimento de seu irmão.
Socióloga Silvana Gimenes: mais do que um neurônio morto
Devido a complicações do parto, Silvana Gimenes nasceu com paralisia cerebral, por isso anda e fala com dificuldade. No entanto, isso não a impediu de estudar e vencer na vida. Socióloga, ela aproveitou a oportunidade do Seminário e contou sobre a sua história de superação:
“Há várias formas de andar, de enxergar e de se comunicar. Então, a minha proposta é para que vocês enxerguem, através da minha fala, além de um neurônio morto. Tenho paralisia cerebral, mas ter uma lesão no cérebro não significa, necessariamente, ser acometido de danos intelectuais”.
Ela ainda destacou que não há cura médica para todas as doenças. Porém, o respeito, o convívio em sociedade, o acesso à saúde, educação e trabalho e a acessibilidade nos lugares são pontos fundamentais e que representam a cura do dia a dia. Ela ressaltou a importância do olhar do professor em sua vida, e agradeceu a todos os professores.
Rosângela de Almeida e Vanessa Alves Santos: a função de PAEEs Colaborativos e a relação com Melissa
Dando sequência à série de apresentações, Rosângela de Almeida e Vanessa Alves Santos, PAEE Colaborativa e professora da EMEI Dona Leonor Mendes de Barros, respectivamente, decidiram falar sobre suas experiências pessoais com crianças com deficiência, assim como Cristiane. As professoras trouxeram do macro para o micro, explicando a função de um PAEE Colaborativo e a prática disso no cotidiano.
“Nossa função é colaborar pedagogicamente com os professores da sala regular, ou seja, dar acesso ao Currículo da Cidade da Educação Infantil dentro das possibilidades de cada estudante com deficiência, além de entendimento e acolhimento aos familiares”, disse Rosângela.
Vanessa, por outro lado, falou de sua relação repleta de carinho com Melissa Flor Arriondo, estudante que tem TEA, oscilação de humor, apraxia da fala e seletividade alimentar. Vanessa afirmou que a menina de 6 anos participa ativamente de toda as propostas e evoluiu muito neste ano por conta da chamada “pasta de comunicação”.
“O que fica para mim em 2023 é poder ter dado voz para a Melissa. Através da pasta de comunicação, ela conseguiu desenvolver uma forma de se comunicar com os outros e evoluiu significativamente”.
Assim como trazido pela professora doutora Fernanda Falkosk, a importância de garantir uma comunicação efetiva foi demonstrada pelo empenho e parceria da professora Vanessa, da PAEE Rosângela e da família da Melissa, que emocionou com um vídeo gravado pela própria mãe falando sobre o percurso escolar de Melissa na EMEI e da evolução dela através dos métodos de aprendizagem introduzidos.
Psicóloga Camilla Brandão: diferenças entre birra e crise, e como lidar com crianças com TEA
Última apresentação do Seminário, a psicóloga Camilla Brandão, da SPDM – Projeto Rede (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), explicou as diferenças entre birras e as chamadas crises de desregulação das crianças com TEA.
Segundo ela, a principal diferença consiste na origem de ambas. Enquanto a birra é proposital e tem um direcionamento para se conseguir algo, a crise de desregulação (chamada de “meltdown” – “derretimento”, em inglês) é o resultado de uma irritação extrema de algum limite que foi extrapolado.
Camila também explicou alguns sintomas dessas crises e deu dicas de como lidar nos casos das crianças autistas. Manter a calma, lidar com os próprios sentimentos, praticar a escuta ativa e criar um “pote da calma” para distrair a criança foram alguns dos pontos destacados, além de conhecer as preferências de cada criança para poder evitar tais crises ou ao menos acalmá-las.
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