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Projeto desperta sensibilidade com a natureza do entorno escolar
Iniciativa realizada no CEI Ver. Cantídio Nogueira Sampaio está entre os cinco finalistas do Prêmio Professor Destaque - 2018
Publicado em: 11/10/2018 16h18 | Atualizado em: 30/11/2020
Usar os bichos e plantas do entorno da comunidade escolar como ferramentas para desenvolver nas crianças os sentimentos de sensibilidade e empatia e para estimular o convívio harmonioso e respeitoso com a natureza consistiu no projeto desenvolvido no ano de 2017 pela Professora de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino (RME) da Cidade de São Paulo, Angelina Costa Santos, no Centro de Educação Infantil (CEI) Vereador Cantídio Nogueira Sampaio, da Diretoria Regional de Educação (DRE) Jaçanã/Tremembé, zona norte da capital. No trabalho realizado com os alunos do minigrupo II, com idades entre 3 e 4 anos, ela faz um convite a um olhar mais atento aos detalhes do cotidiano que se relacionam com a natureza.
“Eu sempre acreditei no poder de exploração das possibilidades do lado de fora da sala de aula e, um dia, brincando no parque da escola, as crianças se interessaram em acompanhar o trajeto das formigas, formulando hipóteses a respeito do porquê e como elas estocavam alimentos, demonstrando espanto por vê-las carregando folhas e flores maiores que a estrutura de seus corpos”, explica Angelina.
Este foi o pontapé inicial para o projeto que leva o nome de “Caixas da Natureza”, que surgiu da necessidade da professora em criar e possibilitar experiências mais sensíveis, em relação à natureza, para as crianças vivenciarem. Angelina conta que a experiência no parque gerou alguns questionamentos que partiram das crianças, entre elas mesmas. A professora aproveitou para provocá-las também. “Algumas crianças acharam que as formigas eram prejudiciais e queriam pisar sobre elas. Intervi perguntando sobre os motivos de matar os insetos e eles respondiam que tinham medo. Precisei criar estratégias de exploração do tema”, revela.
Angelina explicou que a escolha do tema do projeto se deu a partir da descoberta de uma brincadeira do mesmo nome, idealizada e intermediada pela pesquisadora Ana Carol Thomé com famílias e grupos nas trocas de elementos da natureza com outras famílias e grupos em regiões/estados diferentes do Brasil. Somou-se a isso o fato do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da unidade ter como tema “Brincar é coisa séria”, com vistas a incentivar diferentes formas de brincar, contribuindo para que o repertório dos alunos sobre a natureza fosse ampliado.
Atividades – Quando surgiu a oportunidade de montar uma caixa com elementos da natureza para trocá-la com outro grupo de crianças, foi feita uma roda de conversa para falar sobre o assunto e elencado o que seria legal compartilhar. Foi explicado que eles podiam trazer flores, folhas ou pedras de suas casas e também juntar elementos do jardim da própria escola. “Chamei os pais para apresentar a proposta do projeto e pedir que apoiassem as crianças e participassem ativamente das várias etapas”, explicou Angelina. Ao longo das semanas, os familiares contribuíram enviando elementos que foram acrescentados à pesquisa.
As crianças exploraram os ambientes da escola, bem como o seu entorno, durante caminhada pelo bairro, coletando materiais que julgassem interessantes e criaram, junto com a professora, formas de expressão artísticas com os elementos da natureza por meio de trabalhos manuais, confeccionando brinquedos e fantasias, além de experiências sensoriais com os elementos. Surgiram objetos como móbiles e mandalas feitos com velas e barbantes coloridos, papelão, tecidos e os elementos da natureza. Também foi montada uma barraca para exposição.
A professora explica que durante a realização do projeto foi trabalhada a socialização contínua com a turma sobre cada novo elemento que era adicionado à caixa, estimulando a participação de todos os alunos. “Destaco os avanços apresentados por algumas crianças que tinham dificuldades na oralidade e que se esforçavam para dar suas impressões nas interações relacionadas ao projeto”, conta Angelina.
“A postagem da caixa da natureza pronta nos Correios foi outro acontecimento para eles. Algumas crianças e seus familiares acompanharam e as demais aguardaram na escola”, relatou a professora, explicando que, para sanar a curiosidade das crianças que ficaram na escola, fez vídeos com o celular e exibiu assim que retornou.
A caixa da natureza preparada pelas crianças foi encaminhada para uma escola de Minas Gerais. A unidade recebeu uma caixa de uma escola de uma comunidade pesqueira de Florianópolis, Santa Catarina. “Nós recebemos uma caixa com elementos que nossas crianças não estavam acostumadas – conchinhas, mariscos, pedrinhas típicas de regiões litorâneas e até uma pele de cobra. Ainda recebemos uma carta descrevendo o processo de elaboração da caixa pela escola emitente”, explica Angelina.
A professora se diz muito satisfeita com o resultado final do projeto e conta que as crianças aprenderam a criar mais possibilidades de brincar com a natureza, a apreciar a beleza de uma simples folha caída no chão, a identificar cheiros e distinguir texturas. “Minha maior prova foi que, no segundo semestre letivo, recebemos uma criança que, ao se deparar com um inseto no corredor, tentou pisar nele e foi impedido por outros três coleguinhas que disseram que haviam aprendido a não maltratar os animais. Senti que estava no caminho certo”, conclui a professora.
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