Notícias

Projeto de Educação Antirracista leva professora da Rede Municipal a se tornar finalista do Prêmio Educador Nota 10

Na EMEI Parque Bologne, a professora Renata Moura desenvolveu o projeto “Pra ver se me enxergo”, que fortalece a identidade racial, a importância do território e traz a representatividade

Publicado em: 23/09/2025 17h03 | Atualizado em: 24/09/2025

 

Tamanho Site (21)

Com uma escuta atenta e um olhar acolhedor, a professora Renata Moura percebeu que as crianças da EMEI Parque Bologne, localizada no território da Diretoria Regional (DRE) de Educação Campo Limpo, ainda enxergavam sua comunidade e a si mesmas com um olhar carregado de estereótipos. Diante disso, ela desenvolveu o projeto “Pra ver se me enxergo”, que é finalista do Prêmio Educador Nota 10 no eixo Direitos Humanos. Uma potente experiência pedagógica que valoriza a identidade, o território e a diversidade étnico-racial na infância.  

A iniciativa que também teve o apoio da professora Naiany Ferreira, e já impactou mais de 100 crianças diretamente e vem reverberando para além dos muros da escola nas famílias, na comunidade e entre os profissionais da educação. 

“Elas usavam a palavra ‘favela’ como se fosse algo ruim. Isso nos chamou a atenção e nos levou a pensar: como podemos ajudar essas crianças a se enxergarem com orgulho de quem são e do lugar onde vivem?”, relembra Renata. 

A resposta veio por meio de vivências significativas, baseadas no Currículo da Cidade e nas diretrizes de uma educação antirracista (Leis 10.639/03 e 11.645/08). A partir da leitura de livros, da apreciação de obras de arte e do contato com personalidades negras e periféricas, as crianças passaram a se ver representadas nas histórias e a valorizar suas raízes.  

A segunda etapa do projeto mergulhou na valorização da identidade por meio da obra “Humanae”, da fotógrafa Angélica Dass. As crianças realizaram autorretratos, fotografaram colegas e criaram um painel com a “paleta de cores do Bologne”, celebrando a diversidade da comunidade escolar.  

Ainda nessa etapa, as crianças também exploraram livros com diferentes linguagens e narrativas que ampliaram seus horizontes e possibilitaram novas formas de se verem representadas. Foram utilizadas obras como “Amoras”, “Amor de Cabelo”, “Meu Crespo de Rainha”, “Pequeno Príncipe Preto”, “Tayo em Quadrinhos” e “Princesas Negras”, que trouxeram personagens e histórias em que as crianças puderam se identificar, reconhecendo suas próprias raízes e características.  

Essas leituras contribuíram para a construção de uma autoimagem positiva e fortaleceram o sentimento de pertencimento. A combinação entre arte, fotografia e literatura tornou a experiência ainda mais rica e significativa, reafirmando o papel da escola como um espaço de escuta, acolhimento e valorização da diversidade, onde cada criança pode, finalmente, se enxergar com orgulho. 

Reconhecimento que representa muito mais 

Estar entre os finalistas do Prêmio Educador Nota 10, considerado o “Oscar da Educação”, é uma conquista que Renata Moura compartilha com toda a comunidade. “É muito emocionante. No começo eu mal acreditava, mas o coração transbordava de saber que o projeto foi tão lindo e impactante que merecia esse reconhecimento. Represento minha escola, sim, mas também um povo que segue resiliente, que inspira mesmo nos lugares esquecidos”, afirma. 

Renata é mulher, negra, nordestina, criada na mesma região onde atua como professora. Estudou em escola pública e foi a primeira da família a ingressar na universidade. Olhar para essa trajetória, que é marcada por desafios, conquistas e retornos, e perceber que hoje ela pode transformar a realidade de centenas de crianças é algo que a emociona profundamente. 

“Voltar para o meu território como educadora é uma forma de reparação. Me reconheço nas crianças e tento devolver a elas o que nem sempre me foi garantido: pertencimento, visibilidade e orgulho de ser quem somos.” 

Parcerias 

O projeto segue ativo em 2025, agora com novas referências e personalidades negras, como Barbara Carine, Kiusam de Oliveira, Leandro Júnior, além da continuidade do trabalho com Otávio Júnior, Marcelino Melo e Angélica Dass. Nesta nova etapa, o projeto também passou a contar com importantes parcerias comunitárias, como a Quebrada Orgânica e o Instituto Favela da Paz, que fortalecem ainda mais o vínculo com o território e ampliam as possibilidades de aprendizagem por meio da cultura, da sustentabilidade e da valorização das potências locais. 

O projeto envolveu artistas como Otávio Júnior, Marcelino Melo (o “Quebradinha”) e Angélica Dass, além de autores e autoras que abordam a diversidade e o orgulho da identidade negra desde a infância. Em uma das experiências mais marcantes, o artista Marcelino Melo — que compõe a exposição fixa do Museu das Favelas — visitou a escola para conversar com as crianças e conhecer a maquete que elas construíram inspiradas em suas obras. “Foi emocionante. Ele não só compartilhou seu trabalho, como ouviu as ideias das crianças e acolheu as transformações que elas desejam para o bairro”, relata Renata. 

Essas parcerias fortalecem o vínculo com a comunidade, ampliam as possibilidades pedagógicas do projeto e reafirmam a potência criativa e transformadora das favelas. Ao envolver iniciativas que já atuam no território, o “Pra ver se me enxergo” se expande para além da sala de aula, gerando reflexões e vivências que aproximam as crianças de temas como meio ambiente, cultura de paz, identidade, pertencimento e justiça social. 

Sobre o prêmio Educador nota 10

É uma iniciativa criada em 1998 pela Fundação Victor Civita e que, desde 2023, é organizada pelo Instituto SOMOS. A premiação reconhece e valoriza professores e gestores escolares de escolas públicas e privadas de todo o país, celebrando projetos que se destacam pela inovação, protagonismo estudantil e contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. 

Notícias Mais Recentes

Relacionadas

Capa em tons de roxo com a logo da Semana de Arte Moderna da Ael

Semana de Arte Moderna da AEL contará com apresentações em diversos CEUs

Publicado em: 25/09/2025 6h41 - em Academia Estudantil de Letras

Imagens de estudantes entrevistando convidados no estúdio do podcast chamado
Fotografia de cinco pessoas em reunião sobre gestão de riscos sentadas ao redor da mesa.

SME realiza reunião com o Comitê de Gestão de Riscos do Programa de Integridade 2025

Publicado em: 24/09/2025 4h24 - em Secretaria Municipal de Educação

Fotografia de um auditório com adolescentes e adultos no Instituto da Criança e do Adolescente.
Tamanho Site (6)

Festival Paralímpico da SME mobiliza mais de 1.500 estudantes em diversas modalidades

Publicado em: 24/09/2025 3h26 - em Secretaria Municipal de Educação

«1 2 3 1.576