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Mulheres na Educação: a Educação como gerador de valor para vida
A professora Cida Aparecida, nos conta suas história nos seus 36 anos de magistério
Publicado em: 24/03/2021 11h07 | Atualizado em: 24/03/2021Com 36 anos de atuação na rede, Maria Aparecida Bernardo Pivoto, coleciona histórias que inspiram alunos e professores. Professora a 28 anos na EMEF Brigadeiro Correia de Melo, conta que tem um profundo vínculo com a escola que já educou boa parte de sua família e por onde ela mesma passou antes de se formar como educadora. Antes disso trabalhou no EMEI Piratininga, onde também estudou e que é vizinho de parede da EMEF Brigadeiro.
Durante sua jornada conta que uma das maiores dificuldades que encontrou foi com a evasão escolar, mas que viu uma sensível melhora quando a educação municipal começou a dividir as turmas por ciclos de aprendizagem. O que garantiu uma educação continuada e assim o estímulo para que o aluno prosseguisse com seus estudos.
Para Cida a permanência do aluno nas escolas sempre foi uma questão fundamental. E por isso durante todos esses anos de magistério nos diversos momentos, desde que esteve à frente da sala de estudos e agora como Assistente de Direção, procura formas de conectar os alunos com a escola, produzindo sentido e transmitindo valores.
Ela conta com carinho dos projetos paralelos de língua portuguesa e matemática que coordenou, mas com carinho ainda mais especial da Sala de Leitura. Que durante o tempo que esteve coordenando, pôde conceber projetos que transformaram a relação de alunos e professores na escola. Ela se lembra de quando chegou um dia pela manhã e se deparou com a escola “super produzida para o halloween, com teias de aranha de uma árvore para outra, com cabeças de abóbora espalhadas pelo ambiente”, apesar do evento empolgar a comunidade escolar havia algo que a incomodava. Foi então que se deu conta do que a incomodava, “um envolvimento tão grande para comemorar uma cultura que não é nossa e a nossa não tem a mesma dedicação”, para ela é importante “valorizar a cultura de fora, mas não em detrimento da nossa”. E a partir dessas reflexões foi que começou a se perguntar como ela poderia desenvolver um projeto para valorizar a nossa cultura.
Conhecendo o Brasil com Cantos, Danças e Contos
Uma semana depois da comemoração de Halloween a professora soube de uma oficina oferecida pela Prefeitura de SP com o nome de Cantos e Danças Brasileiras, que possibilitou a ela se aprofundar ainda mais na cultura brasileira. O curso tinha o período de dois meses, mas que instigou ela e outras colegas a continuarem estudando a nossa cultura. E foi assim, de curso em curso, que ela e outras professoras se aproximaram por afinidade entre si e amor à cultura brasileira e por consequência criaram o grupo Beija-Fulô em 2001.
Tudo o que foi gerado de conhecimento pelo grupo Beija-Fulô se transformou em missão para Cida, que decidiu multiplicar esse conhecimento na escola. Ela conta que “fez um projeto na escola que se chamava Conhecendo o Brasil com Cantos, Danças e Contos, que pesquisava com os alunos na sala de leitura, os estados e regiões e sobre a econômica, lendas, músicas e danças regionais”, e depois desenvolvia as danças com as alunas, os alunos, se envolviam com a fanfarra e tocavam as cantigas enquanto as meninas dançavam.
Você pode conhecer melhor o projeto pelo documentário postado no YouTube: Parte1, Parte2 e Parte3. O documentário foi dirigido pela pesquisadora Renata Mattar, que também integrava o grupo Beija-Fulô.
O trabalho do grupo virou referência dentro da rede e hoje integra o material do Trilhas de Aprendizagem, do 6º ano.
Educação como sabor da vida
Foram inúmeros os alunos que passaram pela EMEF Brigadeiro Correia de Melo e que a professora Cida teve a responsabilidade de educar. Ela conta que muitos de seus alunos são filhos de outros alunos e quando vão levar os filhos a escola se lembram e agradecem pelo tempo de escola.
No ano de 2021 no período de pandemia a Secretaria Municipal de Educação em conjunto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, realizam o projeto das Mães Guardiãs, que tem como ideia trazer a mãe para dentro da escola e ajudar com as orientações do protocolo de segurança covid e reinserir essas mulheres no mercado de trabalho.
Para surpresa de Cida, as duas mães que foram direcionadas para a EMEF Brigadeiro, Érica e Jéssica, também foram suas alunas e tem seus filhos estudando na escola.
A mãe guardiã Jéssica Camila De Oliveira Arantes, lembra que Cida “sempre teve esse jeito doce de contar e encantar nas suas histórias. Na época em que eu estudei ela era professora da sala de leitura, e como toda criança gosta de história ele me deixou uma história que hoje conto para meus filhos, inclusive fez parte de um trabalho escolar da minha filha”.
Jéssica ainda conta que é muito gratificante poder estar na escola que cresceu e que agora estuda sua filha. Vê a escola como um elemento essencial para a formação social da criança, ela conta ”estou muito feliz por fazer parte desse carinho e aprendizado, estar ali vendo o dia a dia de cada um deles é muito importante, trás um conforto de que há cuidados ali com respeito e muito carinho, ter alguém ali que direcione certos valores é fundamental no desenvolvimento infantil”.
São essas pessoas e suas histórias que trazem sentido para o espaço. A escola povoada pela imaginação e boas práticas desses alunos, mães e professores é o que constitui a comunidade escolar. Possibilita a transformação por meio da educação, mais do que o currículo pedagógico, são os valores gerados, não valores morais, mas os valores sentimentais que atravessam a prática pedagógica.
A história que Jéssica fala é A Princesa e o Sal, que conta como a princesa ensina seu pai sobre a importância do sabor da vida. Mais do que as jóias e riquezas oferecidas pelas suas outras filhas, a protagonista desloca a atenção do rei para o valor menos óbvio, mas sem dúvida um valor mais essencial da vida. Que uma vida sem sal pode ser desgostosa, pode não dá prazer e que para que uma vida possa ser bem vivida ela precisa ter prazer.
A Professora Cida faz questão de exaltar o sabor que a escola traz em sua vida. “Eu sou apaixonada pelo magistério, eu nasci para isso e eu realmente acredito que é a educação que transforma a vida das pessoas. A escola não pode ser um espaço de só adquirir conhecimentos, ela tem que ser um espaço de transformação, de alegria, de ter prazer e de conhecer outras pessoas”.
Série Mulheres na Educação – Durante o mês de março, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo exibe em seus canais de comunicação a série dedicada às mulheres. São matérias com diferentes personagens femininas que estão em nossas escolas e que contam um pouco da sua trajetória na Rede paulistana. Conheça histórias de outras mulheres.
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