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EMEBS Helen Keller recebe a exposição “Diversidade é Arte” do artista Martimiano Ferreira

Mostra passa por escolas públicas e estimula discussões entre os estudantes sobre diversidade e capacitismo

Publicado em: 13/12/2021 15h33 | Atualizado em: 13/12/2021
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Mostra realiza um intercâmbio entre as visões de mundo do artista e os estudantes da EMEBS que realizam a monitoria durante a visitação. (Fotos: Bruno Borges e Thiago Dionísio/SME)

A EMEBS Helen Keller recebe a exposição “Diversidade é Arte” assinada por Martimiano Ferreira da Silva. O artista possui um amplo repertório artístico em seu portfólio, que varia entre arte abstrata, paisagens urbanas e paisagens rurais, e desperta reflexões sobre diversidade e capacitismo. A exposição dura até dia 17 de dezembro.

As obras são dotadas de uma sensibilidade e um olhar único sobre a cidade, além de uma imaginação que está muito bem materializada nas telas. O talento se explica em parte pela forma como o artista lida com suas dificuldades. “Marti não vê os limites que a vida talvez lhe quisesse impor”, escreve Mauricio Moura, curador da mostra. A baixa visão faz Martimiano pintar as obras muito de perto e traz consigo uma riqueza de minúcias e detalhes. A síndrome de Asperger, por outro lado, vem acompanhada pelo hiperfoco, o que faz com que o artista fique pintando por horas. “Muitas vezes mais de oito horas por dia”, conta Mauricio.

Nascido em São Paulo no dia 8 de junho de 1978, Martimiano Ferreira da Silva, foi diagnosticado com síndrome de Asperger aos 21 anos pela APAE, o que possibilitou seu desenvolvimento social. Marti, como é chamado pelos amigos, foi acolhido por uma comunidade religiosa que investiu em seu talento artístico. Na época, Marti fazia desenhos realísticos com grafite em seu caderno. 

Foi naquela comunidade religiosa que Marti conheceu Mauricio e então começaram a realizar exposições. Em 2019 expôs no Clube Nacional, no Pacaembu. Em 2020, no Espaço Uruguay, na Av. Paulista. Em 2021, “Metrópole – Natureza – Abstrato” exposição itinerante que nasceu na Escola Estadual Major Arcyi, cedeu as obras temporariamente para realização da exposição “Diversidade é Arte” na EMEBS Helen Keller.

Durante nossa visita à EMEBS, fomos acompanhados por Mauricio Moura (curador), Sandra Farah (diretora da EMEBS), Andresa Pimenta de Pádua (professora de arte) e Renato Rodrigues (tradutor e intérprete de Libras para estudantes com surdocegueira).

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Obras são dotadas de uma sensibilidade e um olhar único sobre a cidade (Fotos Bruno Borges e Thiago Dionísio/SME)

Monitoria dos estudantes

A mostra realiza um intercâmbio entre as visões de mundo do artista e os estudantes da EMEBS que realizam a monitoria durante a visitação. A aposta de Mauricio é que os estudantes surdos possam absorver as obras de maneira diferente dos ouvintes. Sandra concorda, uma vez que a forma como os surdos constroem suas subjetividades e aprendem novas habilidades é centrada no olhar. “Eles aprendem muito pelo olhar e se comunicam com as mãos”, ressalta a diretora.

Os estudantes do ensino médio, Luiz André Cardoso, do primeiro ano, Heloisa da Silva Oliveira e Vitor Henrique da Silva, do segundo ano, fizeram a monitoria em linguagem de sinais para as turmas dos oitavos anos. Luiz apresentou as obras com a temática Natureza, e contou sobre a interpretação do quadro: “Eu acredito que esse barco deve estar esperando em algum momento a água vir para tentar novamente voltar para a àgua”. O quadro a que Luiz se refere é “Panaboa” óleo sobre tela. O curador explica que tanto os nomes quanto as paisagens são criações originais do artista.

Heloisa abordou os quadros abstratos. “Cada pessoa que olhar esse quadro, seja em pé ou deitado vai imaginar algo diferente de alguma forma, uma pintura abstrata é completamente diferente de uma pintura que tenha casas ou prédios”.

Vitor Henrique apresentou as obras de paisagem urbana, familiares para os moradores de São Paulo. “Esse aqui é o terminal Jabaquara que foi reproduzido a partir de uma foto”, explica Vitor. As fotos das paisagens urbanas são tiradas por Maurício e enviada à Marti, agora que o artista foi morar no interior de São Paulo. 

Depois da monitoria, os alunos do oitavo ano realizaram uma atividade para desenvolver trabalhos de arte em abstrato. O resultado pode ser conferido abaixo.

As EMEBS

As EMEBS (Escolas Municipais de Educação Bilíngue para Surdos) são escolas focadas no desenvolvimento da pedagogia visual, utilizando a Libras e a Língua Portuguesa para garantirem ao aluno com deficiência auditiva um acesso pleno ao currículo da cidade. A Educação Municipal conta com 6 unidades escolares, que atendem os alunos nas modalidades Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, Educação de Jovens e Adultos (EJA).

 

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