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CEI cria bonecos para trabalhar diversidade com as crianças

Jade, Nina, Joselito e Yan fazem parte da “Famílias sem Fronteiras”; projeto fomenta empatia, cuidado e respeito às diferenças

Publicado em: 11/09/2023 13h50 | Atualizado em: 11/09/2023

Montagem com seis fotos, uma embiaxo na horizontal e outras cinco em cima. A de baixo mostra quatro bonecos encostados na parede. As de cima mostram meninas abraçadas com as bonecas da foto de baixo.
A turma do Infantil B, do Centro de Educação Infantil (CEI) Penha desenvolve o projeto “Famílias sem Fronteiras”, onde criaram uma família de bonecos de diversas etnias e com características das próprias crianças. A ação, desenvolvida em fevereiro, promove empatia, cuidado e respeito às diferenças.

O projeto foi iniciado a partir de uma discussão sobre gênero em que a professora Silvia da Conceição Alonso, responsável pela turma, levou uma boneca, desenvolvendo com as crianças vivências de cuidado com bebês. A turma ficou entusiasmada e deu à boneca o nome de Jade. Pouco tempo depois as próprias crianças perceberam que a Jade só se parecia com uma colega da turma, pois ela é branca, loira e tem olhos claros.

Com isso, Silvia providenciou outra boneca, a Nina. Esta é negra e nasceu na África do Sul. De forma lúdica, a educadora contou que Nina tem mãe branca, pai negro e é prima de Jade por parte de mãe. 

Nessa fase do projeto, era feito um sorteio com as duas bonecas e as crianças escolhidas passavam o dia, cada uma com uma. Foi feita uma agenda e lá os pequenos podiam desenhar, colar fotos e escrever, com ajuda dos responsáveis, como foi o tempo que passaram com a boneca.

Quando a turma recebeu uma criança boliviana que não falava português, a educadora viu a necessidade de um boneco para representá-la também. Foi assim que Joselito entrou para essa família. Na história, esse boneco nasceu na Bolívia e é primo de Jade por parte de pai, ele tem dificuldades com o português e seu pai e seu avô usam óculos, como a professora e uma colega da classe. 

O último integrante foi o Yan, ele nasceu na China e é fruto do primeiro casamento do pai de Jade. Este surgiu quando uma criança foi passear na Liberdade e ficou curioso sobre os chineses. Yan é o único boneco que não é um bebê, ele tem 5 anos, a idade média dos pequenos da turma. 

Para batizar os bonecos, Silvia pesquisou nomes de origem do país em questão e os pequenos escolheram, com exceção de Nina. Esta foi nomeada pela educadora por questões fonoaudiólogas, a fim de estimular uma criança da turma com dificuldade nestas sílabas.

Esses quatro bonecos representam a turma, pois possuem características, dadas pelas próprias crianças, com base nos colegas. Jade é intolerante a ovo e a lactose, Nina é a mais baixa da família, Joselito é o mais gordo e Yan tem a idade deles. “Eu falei o país de nascimento e as crianças identificavam com os outros alunos, davam as características conforme eles achavam parecidos”, disse Silvia da Conceição Alonso, idealizadora do projeto. Ela ainda contou que até com os “pais” dos bonecos as crianças criavam identificação com suas famílias.

Visitas aos lares

Os quatro integrantes da família passam cada semana na casa de uma criança da turma. A professora levanta um boneco, pergunta quem quer levá-lo para casa e faz sorteio com quem se manifestou. Na outra semana eles trazem o boneco junto com sua agenda preenchida.

“Eles mesmos estão se organizando, um aluno chegou pra mim e pediu pra ficar com o Joselito no dia 13, eu questionei e ele disse que seu aniversário era no dia 14, que iriam viajar e o Joselito era um convidado da festa. Quando entrou uma criança nova na turma os demais deram a ideia de deixar ela escolher um para levar e sortear os outros três”, contou a educadora.

Com o “Família sem Fronteiras” os pequenos têm apresentado evolução em diversos quesitos. “Eu vi que o maior movimento que aconteceu foi a empatia, que aumentou muito neles. Teve organização, eles aprenderam o que é votar, sobre os países, suas características e culturas, valorizar as diversidades”, falou Silvia.

Para as crianças entenderem melhor essa família de bonecos, a educadora fez uma árvore genealógica, explicando sobre os graus de parentescos. Após, foi pedido que cada criança fizesse a sua, colocando seus familiares e nacionalidades. Ainda foi solicitado que elas perguntassem aos responsáveis uma curiosidade sobre sua descendência para compartilhar com a turma.

A partir daí foram exploradas ainda mais culturas. Fizeram receitas, ouviram músicas, aprenderam sobre danças, vestimentas, entre outras expressões culturais dos países que essas crianças descendem. Além disso, foram apresentadas às crianças algumas palavras e frases simples em espanhol, para facilitar a adaptação da criança vinda da Bolívia

A turma criou tanto afeto com a família de bonecos que fizeram até uma festa de aniversário para eles. Eles mesmos confeccionaram bolos, docinhos, sanduíches com massinha de modelar e ainda decoraram a sala com bexigas. 

 

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