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Feminicídio, a cultura de matar mulher
Trabalho indicado ao Prêmio Professor Destaque 2018, promovido pela SME
Publicado em: 18/02/2019 15h20 | Atualizado em: 30/11/2020Entre os meses de agosto e setembro de 2017, cerca de 100 estudantes dos 8º anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Wladimir Toledo Pizza, da Diretoria Regional de Educação (DRE) São Mateus, participaram da proposta pedagógica elaborada pela Professora de Ciências, Maura Casari, intitulada “Feminicídio, a cultura de matar mulher”.
O trabalho reconhecido e premiado pela Secretaria Municipal de Educação (SME) por meio do Prêmio Professor Destaque 2018 teve o intuito de estimular a capacidade de entendimento, discussão e busca de meios para resolução das desigualdades de gênero, despertando a criticidade sobre o tema e contribuindo para que os estudantes possam refletir, questionar e transformar os saberes socialmente construídos.
Buscando a implementação dos objetivos delineados para este trabalho, a Professora elaborou uma sequência didática para ser desenvolvida em aproximadamente 12 aulas com as turmas dos 8ºs anos A, B e C sobre o tema “Feminicídio”, tendo como produto final a elaboração e apresentação de uma peça teatral no sarau da escola, sugerida e protagonizada pelos próprios estudantes.
O projeto foi composto pelas seguintes etapas:
Roda de conversa – Na primeira etapa do trabalho, a Professora organizou uma roda de conversa com os estudantes para discutir “O que é feminicídio?” e analisar reportagens de jornais transmitidos por canais de TV aberta. A partir das conversas, surgiram elementos norteadores para a discussão: assassinato de mulheres, maridos que matam esposas e suas “exs”. Os assuntos estavam ligados ao cotidiano midiático exposto diariamente nos lares dos estudantes.
Resgate – Em seguida, iniciou-se um resgate de casos de Feminicídio que os estudantes se recordavam. Foi percebido que o tema, apesar de desafiador, estava ligado diretamente a um contexto muito próximo da realidade deles. A partir daí, decidiram que não abordariam o tema apenas com cartazes, mas por meio da teatralização, relatando casos reais de feminicídio, onde os estudantes não apenas contariam fatos do crime em si, mas interpretariam as próprias vítimas da violência.
Pesquisa – As turmas utilizaram a sala de informática para pesquisar dados, estatísticas e casos reais relatados sobre o feminicídio. A cada dado encontrado, as discussões aumentavam o seu nível de criticidade e o desejo de mudanças sobre o atual cenário. Pesquisaram vários casos, quando uma estudante se recordou de uma ocorrência no próprio bairro onde os estudantes e a escola estão inseridos. Então, os alunos sugeriram a apresentação de casos em diversas esferas: nacional, estadual, municipal e local.
Escolha – Foram selecionados 5 casos ocorridos em diferentes cidades para compor a teatralização: Pelotas (RS), Campinas (SP), dois casos da zona leste da capital e um caso ocorrido no bairro Recanto Verde do Sol. Enquanto alguns estudantes pesquisavam casos ocorridos e montavam seus roteiros para apresentar, outros pesquisavam imagens relacionadas à temática para a produção dos cartazes que completariam o cenário da teatralização.
Produção – Após as pesquisas, as turmas e a professora deram início à produção de materiais necessários para a apresentação. Os estudantes confeccionaram cartazes, customizaram camisetas e preparam maquiagem. Enquanto a produção da peça ocorria, uma estudante realizou uma entrevista informal com o irmão da vítima do caso ocorrido no bairro do Recanto para montar o roteiro que abordaria esse caso.
Apresentação – O término do projeto aconteceu no “Sarau 2017: Juntos e misturados”, realizado na própria Unidade Educacional, ocasião em que os estudantes apresentaram os casos estudados para a comunidade.
Pós-apresentação – Após a apresentação, muitas pessoas ficaram impressionadas com tamanha sensibilização e emoção causada pelo trabalho realizado pelos colegas no levantamento da discussão de um tema tão triste, mas real. O trabalho não parou por aí. Em sala de aula, as discussões sobre o tema tornaram-se uma prática permanente.
Neste trabalho, a flexibilização dos horários e da dinâmica das aulas se fizeram necessárias, gerando um movimento diferente na escola, onde, por vezes, as turmas eram divididas nos espaços escolares como sala de aula, sala de informática e pátio, posto que cada uma encontrava-se em um diferente estágio de produção. A iniciativa contou com a colaboração dos professores e funcionários da Unidade Educacional, que se disponibilizaram para acompanhar e oferecer espaço e material para que o trabalho fosse realizado.
Resultados – De acordo com a Professora Maura Casari, a proposta englobou discussão, pesquisa e exposição ao público, com estratégias que podem ser vistas como meio de proporcionar o protagonismo dos estudantes. “Aquelas vozes juvenis comoveram e sensibilizaram toda a comunidade escolar”, ressalta Maura.
O projeto trabalhou diferentes níveis de habilidades dos estudantes, desde a oral, passando pela arte do desenhar, até a autonomia na realização de pesquisas e no desenvolvimento de opiniões e críticas.
Para a Professora Maura, o mais importante neste trabalho é observar as colocações empoderadas de meninos e meninas diante de todo e qualquer comentário discriminatório, com caráter machista ou depreciativo, que seja feito em diferentes espaços da sociedade, inclusive na escola.
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