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“Eu sou porque nós somos”: escola desenvolve propostas pedagógicas inspiradas em filosofia africana

Crianças, educadores e comunidade da EMEI Bilac Pinto aprendem e ensinam com o Projeto Ubuntu

Publicado em: 01/10/2021 10h00 | Atualizado em: 01/10/2021

crianças ao lado de um painel pintado na parede com a representação de diversas pessoas em roda em volta da frase "Ubuntu um cuidando do outro para um mundo melhor"A Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Bilac Pinto, localizada no bairro Jardim Vista Alegre, na zona Norte de São Paulo, está engajada em aprender e ensinar sobre a filosofia africana do Ubuntu. A palavra significa “Eu sou porque nós somos”. Durante a pandemia essa filosofia tem incentivado a expressão de sentimentos e o fortalecimento dos vínculos com as crianças, as famílias e o território da escola.

A ação foi iniciada em 2018 a partir da percepção entre o grupo de professoras de que a escola trabalhava com bastante frequência com contos de origem européia e que os personagens, na maioria das vezes, não representavam a comunidade escolar. “Essa ação deu margem para nos conscientizarmos sobre a necessidade de trabalho pedagógico descolonizador, que tem como  protagonista as crianças, a comunidade e seus territórios”, conta a Coordenadora Pedagógica da escola, Lilian Felix. 

Assim, os docentes iniciaram um estudo sobre literatura afro-brasileira e a filosofia do Ubuntu, que em sua concepção prioriza o bem estar coletivo e entende que a humanidade de uma pessoa depende também da humanidade de outra. A partir daí, passaram a conhecer mais as práticas culturais do território e ampliaram o trabalho de escuta das crianças. A EMEI possui 420 alunos de 4 e 5 anos matriculados.

Valorização de saberes e identidades

O projeto permitiu conhecer melhor as famílias, as origens e suas práticas culturais. Foram evidenciadas as culinárias, brincadeiras infantis e músicas que fazem parte dos costumes regionais, sobretudo do nordeste, região onde nasceu a maior parte dos familiares das crianças. 

“Buscamos trazer histórias, brincadeiras e temas de conversa para que as crianças e suas famílias falassem sobre seus sentimentos e sobre suas histórias de vida. Isso ocasionou um maior contato com a comunidade e com as crianças e resultou no planejamento de novas propostas pedagógicas”, ressalta Lilian.

 Também entre as ações pedagógicas que priorizam a valorização das identidades houve o trabalho com desenho de auto retrato, xilogravura, confecção de máscaras africanas, experiências que envolvem o trabalho coletivo e o senso de comunidade, além de contato com elementos naturais. 

Novas experiências  

Este trabalho aumentou o repertório cultural de brincadeiras das crianças, elas aprenderam a pular amarelinha africana que é jogada de forma coletiva, os momentos de faz de conta foram ampliados e as experiências com brinquedos não estruturados foram estimulados. Além disso, houve pintura com tintas naturais criadas na escola, oficina de plantio e de culinária. Os desenhos das crianças foram pintados no muro da escola e nos espaços da unidade de forma coletiva. 

Território 

A Coordenadora conta que o projeto também contribuiu para a ampliação da interação com o território. Além de maior contato com as famílias, houve um estreitamento nas relações com outros equipamentos públicos do bairro como Fábricas de Cultura, Centro de Crianças e Adolescentes, feira livre, Centros Educacionais Unificados, Centro de Referência de Assistência Social, Unidade Básica de Saúde e outras unidades educacionais. 

“Todo nosso Projeto Político Pedagógico tem como base a filosofia do Ubuntu e esse é o princípio que buscamos para orientar nossas decisões e práticas cotidianas. O que fica marcado é que a gente aprende mais quando se abre para conhecer o outro”, completa a Coordenadora.

 

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