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EMEF Professor Nelson Pimentel Queiroz faz projeto de Censo Étnico-Racial
Ação foi feita pela professora Cleusa Tonarchi em conjunto com os 9°s anos para mapear a autodeclaração de todos os estudantes da Unidade Educacional
Publicado em: 27/05/2024 17h26 | Atualizado em: 29/05/2024Cleusa Tonarchi, professora de Geografia da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professor Nelson Pimentel Queiroz, realizou um projeto de Censo Étnico-Racial, tal qual o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O objetivo da proposta é trabalhar a Lei n° 10.639/2003, a qual estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas, e levar os estudantes a uma reflexão crítica sobre o racismo estrutural presente na sociedade brasileira.
A docente elaborou um levantamento estatístico com a autodeclaração de todos os discentes da Unidade, tendo os estudantes dos 9°s anos como entrevistadores. De acordo com Cleusa, apesar dos inúmeros projetos de Educação Antirracista feitos nos últimos anos, nunca foi feito um estudo para determinar a identidade étnico-racial daqueles que estudam na escola.
“Os jovens têm que ser incentivados a fazerem a autorreflexão. Eles estão numa idade de formação, então precisam se identificar em algum grupo e/ou etnia”, disse ela.
Simulando o Censo do IBGE, o uso de recursos materiais foi bastante vasto. Foram usados coletes, confeccionados pela professora e pelos estudantes, crachás de identificação para cada entrevistador, questionários de autodeclaração no modelo do IBGE e também cartões específicos com imagens de crianças de cada cor/raça para comunicação com pessoas autistas e/ou para aqueles que tinham dúvidas. Para quando não era o turno da professora, foram escolhidos 2 supervisores de cada turma para dar prosseguimento ao projeto.
Com base nas entrevistas, nas quais os participantes poderiam se declarar brancos, negros, pardos, indígenas ou amarelos, foram elaborados gráficos para cada ano e turma. Os dados revelaram que a maioria dos estudantes é parda (249 ou 36%), seguida por brancos (221 ou 32%) e pretos (113 ou 17%). Além disso, 33 estudantes (5%) se identificaram como indígenas e 21 (3%) como amarelos. Apenas 6 alunos (1%) não souberam responder, enquanto 41 (6%) se abstiveram. No total, foram entrevistadas 684 pessoas.
Perguntada sobre a importância da atividade, a estudante Gabriella dos Santos Silva, escolhida como uma das supervisoras do projeto, afirmou:
“Quando a pessoa declara que pertence a uma etnia, ela está se enxergando, e isso é muito importante, porque ela vai estar aceitando fazer parte da raça e da cultura dela”.
Uma das prerrogativas pontuadas pela educadora para a execução do projeto foi a preocupação com falas racistas e carregadas de preconceitos por parte dos próprios estudantes no cotidiano escolar. Segundo Cleusa, a escola é um “recorte” da sociedade e, por isso, acaba reproduzindo pensamentos e atitudes enraizadas por meio da convivência e da socialização.
Além disso, a intenção de se discutir o racismo estrutural também foi uma questão importante. Richard Santos, um dos estudantes que participaram do projeto, opinou que a autodeclaração étnica-racial pode ser uma das alternativas para acabar com o racismo. Suas colegas concordaram, criticando a questão do lugar de fala nessas situações e reiterando que isso é um problema de todos, não só daqueles que sofrem com esses preconceitos:
“Muitas pessoas, por se identificarem da raça branca, pensam que não tem local de fala para debater o racismo”, disse Gabriella dos Santos Silva.
“O que, na minha opinião, não faz sentido. Mesmo você não sofrendo com o racismo, você consegue ter empatia pelas pessoas”, completou Sofia Xavier, colega de Richard e Gabriella e que também foi escolhida para ser supervisora (assim como Gabriella).
Além do Censo, os estudantes propuseram outras atividades para compreender os problemas sociais. Algumas sugestões foram a promoção de debates nas aulas, visita ao Centro de Culturas Negras Mãe Sylvia de Oxalá, no Jabaquara, ida a museus e a valorização de mais pessoas negras de destaque na história do mundo, não só aquelas relacionados à escravidão, mas também cientistas, autores e etc. A professora concordou e disse que apoia a iniciativa dos estudantes:
“Os estudantes querem uma metodologia ativa para eles saírem [do comum] e aprenderem. Não cabe mais a educação do estudante sentado na cadeira sendo um mero espectador, eles querem ter mais autonomia para alçar voos mais altos”, finalizou Cleusa.
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