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‘Caixola’ do CEI Jamir Dagir possibilita que crianças usem imaginação para brincar

Os materiais possibilitaram às crianças pequenas o estímulo à ludicidade, criatividade, interações e afetos, mesmo durante as aulas remotas.

Publicado em: 04/06/2021 15h59 | Atualizado em: 24/06/2021

Professora entregando uma grande caixa para uma pequena meninaDurante o período da pandemia da Covid-19, educadoras do Centro de Educação Infantil (CEI) Jamir Dagir criaram o Projeto Caixola. Uma iniciativa com o intuito de estimular o desenvolvimento dos mais de 100 bebês e crianças matriculados na unidade mesmo durante o ensino remoto. Em uma caixa, organizaram materiais que possibilitaram aos pequenos o estímulo à ludicidade, criatividade, interações e afetos.

Devido ao distanciamento social, desde 2020, as educadoras do CEI situado na Vila Ipojuca, zona Oeste da capital, passaram a utilizar o blog da escola para se comunicar e compartilhar vídeos e atividades para as crianças. No entanto, havia a preocupação em não expor os pequenos às telas durante períodos longos e ainda propiciar momentos qualificados entre eles e seus familiares. Foi aí que começaram a refletir sobre novas possibilidades. 

Envolvimento da comunidade

As professoras contam que a inspiração para a caixa surgiu durante uma conversa virtual com as famílias. Na ocasião, uma das mães contou que havia desenvolvido um projeto com caixas em seu trabalho, em uma instituição social. A partir daí, as professoras buscaram outras referências, pensaram coletivamente nas reuniões entre os pares, consultaram as famílias nos encontros online do Conselho de Escola e enviaram um questionário para que os responsáveis pelas crianças descrevessem suas necessidades e expectativas em relação ao conteúdo das caixas. A ideia era que dessem sugestões de materiais que facilitassem a interação com os pequenos enquanto a escola estivesse fechada.

Com a aprovação da comunidade escolar e as respostas das famílias, as educadoras passaram a se organizar para montar a “Caixola”. Elas contam que todo o processo de concepção, captação de materiais e confecção da caixa durou dois meses. Todos os profissionais da escola e famílias tiveram a possibilidade de ajudar. Alguns fizeram trabalhos manuais, outros fizeram doações de recicláveis e materiais para compor o que se transformaria em um grande presente para cada bebê e criança do CEI.

mesa repleta de materiais que fazem parte da Caixola

A Caixola

A professora da unidade, Maria Cristina Camargo, ressalta que a Caixola foi pensada a partir de quatro princípios norteadores: o olhar para as brincadeiras na infância como direito básico e essencial para o desenvolvimento humano, o cuidar dos bebês, crianças e suas famílias, fortalecendo os vínculos entre eles e com a escola; o encantar por meio de materiais de qualidade e beleza que estimulam o protagonismo e a autonomia das crianças e, por fim, a inspirar-ação para estimular novas ideias e ações focadas nas infâncias.

Assim, em cada Caixola, foram organizados seis kits de materiais contendo: 

  • Elementos da natureza – composto por gravetos, folhas, pedras, sementes e ervas. O objetivo do kit é estimular os cinco sentidos a partir de atividades como escalda pés, degustação de chás; percepção das formas e texturas dos elementos naturais.
  • Materiais não estruturados – embalagens de recicláveis, tampas de garrafa, retalhos de tecido, potes de sorvete, bobinas de papel higiênico, entre outros. Esses materiais aguçam a criatividade ao explorar as diversas possibilidades de uso.
  • Marcas e materiais gráficos – materiais para desenho, pintura e colagem, como: giz de cera, giz de lousa, carvão, guache, urucum e diferentes tipos de suportes para pintura. Algumas folhas traziam sugestões para possíveis atividades de observação e também interferências que poderiam contribuir para os registros infantis. 
  • Brinquedos para imaginar composto por barangandão, dedoches, garrafas sensoriais, elementos para teatro de sombra e potinho da calma.
  • Jogos –  um carômetro e jogo da memória feito com cartinhas com fotos dos bebês e crianças de cada turma, para estimular o afeto e a lembrança dos amigos da escola.
  • Músicas –  seleção de canções compostas por referências do universo infantil como Palavra Cantada e Tiquequê, além de outros artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Arnaldo Antunes, etc. Um código de barras foi anexado à caixa para os responsáveis terem acesso à playlist a partir de um smartphone.
Mão dedoches coloridos em cada dedo, criança brincando com um barangandão

O desenvolvimento da caixa surgiu da preocupação das educadoras em propiciar experiências, aprendizagens e interações para os pequenos. “A gente usa as mídias digitais para a comunicação com as famílias e crianças, mas queremos que elas não fiquem tão expostas às telas. A caixola foi uma alternativa e um refúgio para este momento”, ressalta a educadora do CEI, Luciana Fukui.

Hora da entrega

Para a segurança de todos e a cada processo, foram respeitados os protocolos de higiene dos materiais e também o tempo de armazenamento (quarentena) das caixas finalizadas para que ficassem livres de possíveis vírus. A escola organizou horários e dias para a entrega com atenção aos protocolos de distanciamento e higiene. Todos os estudantes matriculados na unidade ganharam a sua própria Caixola. 

foto de caixa repleta de materiais diversificados que fazem parte da Caixola, elementos para teatrinho de sombras

Resultados 

Após alguns dias da entrega, as educadoras perceberam que a caixa facilitou ainda mais o processo de desenvolvimento das aprendizagens e possibilitou a ampliação do repertório de brincadeiras dentro do círculo familiar e das interações das famílias com a escola. “A caixa propiciou acolhimento e afeto, foi possível perceber que em cada casa foram utilizados os elementos da Caixola de uma forma diferente. Eles fizeram as coisas de acordo com o que fazia sentido para eles e os resultados foram diversos”, comemora a educadora Mariana Neder.

“Para mim, a Caixola representa a materialização de um sonho comunitário de cuidado das Infâncias e de suas famílias em tempos de distanciamento social. Ela só foi possível porque cada pessoa envolvida ofereceu sua criatividade, materiais e talentos. Professoras e famílias da comunidade do CEI Jamir Dagir usaram a imaginação para construir uma realidade de afeto e cooperação”, disse Renata Laurentino, mãe da aluna Lina e idealizadora das “Caixas de Nutrição para Imaginação”, que foi inspiração para o projeto Caixola. 

Criança brincando com lentess coloridas, criança brincando com teatro de sombras

O sucesso foi tamanho que a professora Maria Cristina diz que há planos para que em 2021 novas Caixolas circulem pelas salas do CEI e também nas casas das crianças. “A concretização da Caixola é a marca que desejamos deixar para que nossos pequenos acreditem em dias melhores”, comemora a educadora.

Outras ações

No início deste ano, as professoras propuseram uma roda de apresentação virtual para suas turmas. Solicitaram que as famílias enviassem uma foto acompanhada com uma pequena apresentação das crianças e criaram um arquivo em que é possível conhecer os rostos de cada uma delas e de suas respectivas professoras, além de saber os gostos pessoais, como alimentos, brincadeiras e passatempos preferidos. 

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