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EMEF Philó desenvolve projeto de ‘eco praça’ em parceria com Faculdade de Arquitetura da USP
Projeto foi discutido com a comunidade e estudantes foram ouvidos sobre o que gostariam que tivesse no local
Publicado em: 08/02/2023 16h04 | Atualizado em: 01/03/2023“Olhem para trás. Poderíamos fazer um parque nesta área verde?” A pergunta que surgiu durante uma conversa com os gestores e professores da EMEF Professora Philó Gonçalves dos Santos, da DRE Pirituba/Jaraguá, inspirou o projeto “Eco Praça Philó”, realizado em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), desde 2021.
O trabalho consiste em ampliar o espaço da unidade para uma área verde com mais de 14 mil/m² localizada atrás da escola e que não era utilizada. O programa foi desenvolvido de forma participativa com professores, estudantes e comunidade escolar da EMEF Philó, além de integrantes da FAU e de outros parceiros.
O projeto traz como diretriz principal a acessibilidade universal e que permita espaços lúdicos, de criação, de lazer, sempre integrados em uma perspectiva didática. Estão previstos espaços como área esportiva com três quadras, parque, pista de skate, jardim de chuva, anfiteatro, árvores urbanas e frutíferas, parede de escalada, relógio solar, horta pedagógica, composteira, entre outros.
Na área verde, eles já colocaram a pedra fundamental, enterraram cápsulas do tempo em um evento com as famílias e comunidade, instalaram rosa dos ventos de garrafas pets, “eco salas” desenvolvidas com mesas e bancos feitos de madeira, jardim sensorial onde plantaram amoreiras, pluviômetro caseiro para verificar quantidade de chuva.
Eco Trilhas
Hoje quem vai à EMEF Philó também pode conhecer as “Eco Trilhas”, que são roteiros construídos com material reciclável utilizados tanto para os estudantes aprenderem mais sobre ecossistema, quanto para praticar atividades físicas associadas à contemplação e convívio com o meio ambiente.
A área que vinha sendo utilizada para descarte de lixo, lixo eletrônico e entulhos, agora é utilizada pelos estudantes e professores que passaram a visitar o terreno e usar o local para o estudo e pesquisa das diferentes áreas do conhecimento promovendo uma Educação Ambiental interdisciplinar.
O professor Claudine Mendes da Silva, da EMEF Philó, diz que os conteúdos e conhecimentos vinculados à praça acontecerão de forma “viva”. Para ele, “a ‘Eco Praça Philó’ é por si só a essência de um espaço pedagógico e de formação, é também a concretização do discurso teórico na sua efetividade prática, pois une conhecimento a sua produção e dá significado ao que se aprende”.
Os estudantes, protagonistas na construção do projeto, argumentam sobre o porquê estão engajados nesta ação. Aprender de forma diferente e superando dificuldades é o motivo citado por Alice Aparecida Passos da Costa, aluna do 9º ano B. “Eu tinha dificuldade em geografia e com o professor ensinando essas coisas novas para gente de forma prática, sinto que eu aprendi mais e absorvi mais o conteúdo.”
Com as palavras inspiração e mudança o jovem, Arthur Amparo dos Santos, do 9º ano B, explica a razão de querer a eco praça em seu território: “O que eu quero com o parque é inspiração para que a comunidade e os jovens de periferia vejam que a periferia tem sim o poder de mudar, de impulsionar, de criar as coisas.”
Resgate da herança cultural e histórica
Professores, estudantes, gestão escolar, ATEs, funcionários, famílias e a comunidade sentiam há algum tempo a necessidade de ter um espaço que pudesse ser utilizado pelos estudantes e pelos moradores do entorno de forma pedagógica, recreativa e que fosse um lugar de convivência.
Todos estes agentes foram fundamentais em suas colaborações para o desenvolvimento desta ação. Além disso, o projeto “Eco Praça Philó” pretende resgatar a herança cultural e histórica do local, e ser um ponto de resistência e transformação social.
A escola está localizada em um território onde há uma antiga fábrica de cimento desativada, o cemitério de Perus e a Vala de Perus, um clube de tiro, entre outros pontos que tornam a região mais hostil.
Tanto os estudantes, quanto a equipe escolar e comunidade querem a modificação deste espaço para todos. “O racismo estrutural e ambiental não vai ficar aqui porque não vamos deixar. Vamos lutar para que a nossa história mude”, enfatiza o coordenador pedagógico Eder.
O estudante Isaac Xavier da Silva Oliveira, do 9º ano C, também teus seus motivos para sonhar e batalhar pela concretização da praça. “A gente lutou muito e persistiu para que o parque fosse algo lúdico e de lazer para a comunidade, principalmente, de periferia e que grande parte da população dessa comunidade são pessoas pretas”.
Claudia Abrahao Hamada, responsável pelo Núcleo de Educação Ambiental da SME, disse que “a ação da Eco Praça é a materialização da educação ambiental crítica, diretriz do Núcleo de Educação Ambiental, da SME, a qual acredita-se na consolidação de uma escola sustentável e resiliente. Pensar (e agir) na educação ambiental de modo que potencialize todas as esferas – educacional, ambiental, cultural, política e social – é acreditar em um presente e um futuro mais equitativo, inclusivo, integral e sustentável”.
O que os estudantes da Philó gostariam que tivesse na praça?
Para fazer o levantamento das possibilidades para a praça, a turma de Arquitetura e Urbanismo fez a primeira aproximação com o material coletado na Philó para setorizar o terreno, contabilizar as propostas, além de verificar as possibilidades pedagógicas do local.
A tabulação dos desejos dos estudantes estava dividida entre categorias que contemplavam “possível e básico”, “possível e relevante”, “verificar-reinterpretar”, “improvável” e “além do projeto da praça”.
Os estudantes da Philó puderam imaginar livremente o que desejavam. Os pedidos foram de árvores frutíferas, área de piquenique, mesa de jogos, horta, trilha, arquibancada, pista de skate, quadras até casa na árvore, parkour, cinema, patinete, lago, foguete, arco-íris, etc. O mais pedido de todos, e contabilizado 103 vezes, foi o parquinho. Teve até espaço para uma palavra incomum – o “pipódromo” – que é um lugar para soltar pipa.
Encontro com a USP
A primeira parceria surgiu entre a escola e os professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Euler Sandeville e Ana Cecília de Arruda, que foi convidada por Euler para participar do projeto.
Eles lançaram uma disciplina optativa na FAU chamada “Projeto de Praça Urbana” na qual trabalharam a construção do projeto de arquitetura de forma participativa entre os estudantes e professores da FAU e da EMEF Philó.
Muitas conversas, reuniões on-line e presenciais entre os professores, oficinas com os estudantes das duas instituições, levantamento de possibilidades para a praça, intercâmbio entre docentes e estudantes da Philó que foram em aulas da FAU e alunos da FAU foram na Philó.
Dentro desse processo participativo, estudantes da FAU apresentaram o projeto final da praça em agosto de 2022. E foi criada mais uma disciplina de extensão para continuar ajustando o projeto da Eco Praça.
O arquiteto e professor Euler conta que as equipes das duas instituições montaram uma estratégia, um cronograma e realizaram um trabalho de adaptação em conjunto, pois é preciso ter flexibilidade em um processo participativo para a construção do projeto de arquitetura.
Em conjunto pensaram em uma série de atividades desde a apresentação entre estudantes e professores das duas instituições até as dinâmicas participativas que desenvolveram.
Há também o apoio da Secretaria do Verde e Meio Ambiente e da Subprefeitura de Perus que fez a doação de mais de 11 mil/ m² do terreno onde pretende-se construir a praça. Uma empresa de topografia fez a altimetria do espaço de forma voluntária e gratuita.
Um pouco sobre o intercâmbio presencial Philó e FAU-USP
A integração entre os estudantes dos 9º anos da EMEF Philó aconteceu logo no início da disciplina, em março de 2022, quando realizaram a primeira visita presencial na Cidade Universitária.
Depois, os docentes da FAU-USP acompanhados pelos estudantes da disciplina de graduação realizaram os diálogos e oficinas pedagógicas com os estudantes do 5º ao 9º anos, no horário regular de aula, na EMEF Philó. As equipes também construíram metodologias de estudos com os docentes no horário coletivo da Jornada Especial Integral de Formação (JEIF).
“Quando se oferece aos estudantes a possibilidade de serem protagonistas de seus processos de desenvolvimento intelectual e social, os ganhos individuais se somam e formam uma coletividade que transforma o aprendiz e a comunidade a qual ele pertence”, menciona a professora da EMEF Philó, Gisele de Oliveira Cardoso.
O arquiteto e professor da FAU, Euler, disse que “é muito bonito ver os alunos se envolvendo, trabalhando na construção desse projeto e crescendo na compreensão do processo. A EMEF Philó está fazendo um trabalho muito bonito na praça. É um trabalho de ponta. Um trabalho criativo”.
Aqui você pode assistir ao vídeo e conhecer um pouco mais sobre a Eco Praça Philó.
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