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Professora da EMEI Antonio Lapenna é finalista no prêmio Educador Nota 10

Luciana Alves estimulou o protagonismo das crianças no processo de organização de Mostras Culturais

Publicado em: 18/09/2018 12h56 | Atualizado em: 30/11/2020

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A Professora de Educação Infantil, Luciana Alves, da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Antonio Lapenna, da Diretoria Regional de Educação (DRE) São Miguel, ficou entre os 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 – 2018, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido com 35 crianças de 4 a 5 anos, durante sete meses, que participaram ativamente no processo de organização de Mostras Culturais realizadas na própria unidade educacional.

De acordo com a Professora Luciana, a motivação para realizar esse trabalho se deu ao refletir sobre as Mostras Culturais e perceber que essas ações poderiam contar com uma maior adesão das crianças no processo de elaboração de projetos, organização dos espaços e escolha de materiais.

Com o objetivo de contribuir com reflexões acerca dos fazeres infantis, autoria e protagonismo das crianças, Luciana buscou referências que subsidiassem uma proposta pedagógica diferente com a sua turma.

Buscando garantir que a criação, a escolha e organização dos trabalhos refletissem ainda mais as marcas da infância, a Professora compartilhou com a equipe escolar o desejo de realizar uma Mostra Cultural por meio de vivências que as crianças poderiam realizar “experienciando” todo o processo.

Diálogos – Na primeira etapa, estabeleceu um diálogo com a turma sobre as apresentações de projetos, exposições de trabalhos e Mostras Culturais realizadas no âmbito escolar. Ela constatou que muitas não conheciam essa prática.

Em seguida, conversou sobre o projeto com familiares e responsáveis após descobrir que muitas crianças não conheciam os equipamentos culturais da cidade e de sua região, como museus e centros culturais. Diante dessas informações, Luciana solicitou aos pais e responsáveis que, se possível, levassem as crianças para conhecer esses espaços. Passou endereços de locais gratuitos e incentivou o pertencimento das crianças a esses territórios. Na escola, organizou um espaço para que a turma pudesse ver fotos, vídeos e realizar “tours” por museus interativos, para que tivessem uma ideia dos espaços e da criatividade das exposições.

Foram organizados, na unidade educacional, espaços de apreciação de outros projetos, imagens e conversas para seleção de ideias. Nas rodas de conversa, ficou definido que as próprias crianças iriam escolher o tema da Mostra. “Ficou evidente que o grupo queria dividir com o público suas experiências com as brincadeiras que estavam aprendendo e criando naquele momento”, conta Luciana.

Foram feitos desenhos utilizando suportes variados, como rolinhos de papel, saquinhos de lanche ou caixas de pizzas, sobre pontos das brincadeiras que as crianças queriam compartilhar (passa bola, peteca e pé de lata), dobraduras, colagens e textos coletivos ensinando músicas para pular corda ou explicando alguma atividade que estaria em exposição.

Quando as atividades ficaram prontas, a turma começou a pensar em maneiras para expô-las. Foi montado um painel na sala e um na parede do lado externo, para que outras crianças e também os adultos pudessem apreciar suas produções. Com o tempo, passaram a levar as atividades para outros ambientes da unidade educacional, inclusive no espaço de alimentação, secretaria e entrada das crianças, o que ampliou a discussão sobre os temas entre os educadores da unidade e o pertencimento das crianças, que se sentiam representadas no ambiente escolar.

Para Luciana, quando o educador considera a criança como um ser ativo em seu processo de desenvolvimento, faz mediações entre a mesma e o meio utilizando-se de diversos recursos, como brinquedos, materiais, brincadeiras e arte.

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Escolhas – A escolha do espaço para a exposição dos trabalhos foi feita pelas próprias crianças. Seria em um ambiente externo e coberto, para que pudesse ser organizado com calma e sem tanta interferência da professora.

Após definição do tema, “Brinquedos e brincadeiras”,
e do espaço para Mostra, a turma entrou em outra discussão: como inserir todos os desenhos, descobertas e registros na exposição? O grupo percebeu que não seria possível contemplar as 35 produções realizadas pelas crianças.

Dentro da ideia do protagonismo e de uma exposição organizada pelos verdadeiros artistas, a Professora da turma optou por passar essa responsabilidade ao grupo. Após muita conversa e mediação, ficou definido pela turma que os trabalhos não expostos na Mostra seriam colocados dentro e fora da sala de aula para a apreciação de todos os que ali circulavam, e também fariam parte da composição do portfólio da turma.

O próximo passo foi escolher efetivamente as propostas de exibição. Enquanto escolhiam as obras, precisaram pensar em como, e em quais suportes, colocariam as atividades. Para isso, foi
preciso relembrar as Mostras Culturais vivenciadas e, para ampliar o repertório, também observaram fotos de outras exposições.

“As discussões não foram tranquilas, pois nem todos concordavam com a colocação do outro, e isso era o mais interessante”, conta Luciana. A professora interviu e mediou quando necessário, mas sempre que possível apenas observava e registrava esses momentos, pois o objetivo era que eles aprendessem a argumentar, escutar e tomar decisões.

Combate ao desperdício – Após a exibição de fotos, vídeos e de museus virtuais que auxiliaram na sensibilização de maneiras diferentes de expor os trabalhos, a turma optou pela produção de estruturas como um painel de TNT, cabanas de papelão e arara de roupa reutilizada e em materiais como papel, alfinetes, papelão, barbantes e pregadores como suportes para a exposição, com a ideia de que tudo o que fosse utilizado pudesse ser reaproveitado de alguma forma, e que, a partir do compartilhamento dessa proposta, outras escolas pudessem refletir sobre a importância de ideias conscientes para as exposições.

“As crianças separaram as obras para pendurar e as conversas eram extremamente interessantes, pois elas colocavam os desenhos, mesclavam com fotos, paravam, olhavam, mudavam as produções de lugar, com grande criticidade”, observa a professora. Ao final, o espaço ganhou vida, e mesmo que o olhar “adultocêntrico” não percebesse beleza (alguns adultos reclamavam que não estava bem organizado), a turma e a professora entendiam cada escolha, cada detalhe e o que cada parte daquela história representava.

“A cada obra selecionada, a cada suporte colocado no espaço, eu sentia a grandeza e a sensibilidade do olhar da turma e percebia o quanto eles se sentiam importantes neste processo, explicando cada particularidade das suas obras”, observa Luciana. A professora da turma contou com a parceria de Professoras e ATEs (Assistentes Técnicos Escolares) durante o desenvolvimento dos trabalhos.

Exibição – A Mostra Cultural foi realizada com sucesso. Os espaços com as atividades ficaram montados durante um tempo, e depois foram afixadas algumas obras na secretaria, outras foram levadas para casa e os projetos continuaram a ser dispostos em diversos ambientes da unidade escolar.

Para Luciana, o projeto deixou marcas na construção da cultura infantil e estimulou o protagonismo e a autoria de meninos e meninas. “Eles são verdadeiros artistas, e podemos contribuir para que as Mostras Culturais sejam momentos privilegiados de participação e aprendizagens”, comenta a professora.

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