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Indígenas do CECI Tenondé Porã aprendem técnicas de primeiros socorros
Curso foi realizado pela Escola Municipal de Saúde em parceria com o SAMU e é estendido à toda comunidade escolar
Publicado em: 18/05/2022 17h59 | Atualizado em: 19/05/2022São 10h15, um ônibus estaciona em frente a UBS Vera Poty, uma equipe de 8 socorristas da SAMU desembarca e começa a descarregar uma série de equipamentos, entre eles maca, talas, bandagens e até um desfibrilador. Não se tratava de uma ocorrência, naquela quarta-feira (11), as pessoas aguardavam ansiosas pelo curso “Noções Básicas em Primeiros Socorros” que seria ministrado no Centros de Educação e Cultura Indígena (CECI) Tenondé Porã.
O curso realizado pela Escola Municipal de Saúde em parceria com o SAMU e SMS, visita os Centros de Educação e Cultura Indígena da capital para ensinar primeiros socorros à comunidade escolar. Segundo Maria Elisa Diniz Nassar, representante da Escola Municipal de Saúde, é fundamental que todas as pessoas saibam primeiros socorros e essa é a bandeira levantada pela Escola Municipal de Saúde. Esse foi o tom da abertura do curso no auditório que fica ao lado do prédio principal do CECI. Entre as falas do socorrista Fábio e Marcia Matsushita, responsável pela saúde escolar na SME, Bruno, coordenador cultural do CECI, se posicionava para registrar os eventos com sua máquina fotográfica.
O CECI Tenondé Porã assim como a UBS Vera Poty, ficam em uma aldeia indígena ao extremo sul da cidade de São Paulo. Para chegar lá, uma curta estrada de terra tem que ser percorrida para que vem da região urbana da cidade. Ao passar uma pequena porteira o prédio do CECI pode ser avistado. Na manhã de quarta-feira, ao chegar no CECI os cachorros nos acompanhavam na rua de terra. Atravessando a rua vinha uma galinha com seus cinco filhotes. E na porta do CECI uma dezena de pessoas fumando cachimbo e conversando em guarany interrompiam a conversa para nos cumprimentar.
Tínhamos chegado no Tekoa Tenondé Porã, e podíamos notar, não só pela placa na frente da escola, mas pelas pessoas ali convivendo. Às vezes a palavra tekoa é empregada como aldeia ou terra indígena, o que leva a um reducionismo do seu significado. Muitos antropólogos e outros estudiosos vão tentar enriquecer o sentido dessa palavra no nosso idioma aproximando tekoa como “uma terra em que se vive”, um lugar de estar e ser, que se come e se dança com os afins.
Segundo o site da aldeia a tekoa Tenondé Porã, também conhecida como aldeia da Barragem, é a aldeia com a maior população Guarani Mbya no país. A tekoa com aproximadamente mil viventes é fruto da luta indígena por reconhecimento de suas terras e um espaço de fortalecimento da cultura guarani.
Socorro a paradas cardíacas e engasgos
Finalizada a abertura do curso, a comunidade se dividiu em grupos de aproximadamente 7 pessoas e seguiram para cada uma das três salas com os socorristas. Na primeira sala os socorristas, Fábio e Maria Carolina ensinavam como socorrer uma pessoa com princípio de parada cardíaca até que a SAMU chegasse. Eles ensinaram como constatar se uma pessoa está consciente e se o coração parou de funcionar e mostraram como se faz a massagem cardíaca para salvar uma vida. Denise, Lucia, Lucineide, Jacira, Sergio, Rosa e Sebastiana, se aproximaram dos bonecos, se ajoelharam e praticaram massagem cardíaca revezando entre si.
“O nome disso aqui é desfibrilador, mas para facilitar vamos dar um apelido para ele: Dea!’ explica Fábio. “Não é Andréa não, é Dea!”, ele faz brincadeiras enquanto transmite o conhecimento para formar novos socorristas. Ao pegarem o Dea para instruir sobre o uso, os socorristas anunciaram a doação de um exemplar para o CECI.
Carol explica que o atendimento para casos de parada cardíaca tem que ser rápido e coletivo. “Enquanto um liga para o 192, outro faz a massagem cardíaca e outro vai buscar o DEA”, após isso instalam o Dea, que vai indicar o momento exato de dar o choque. Enquanto aguardam o SAMU os socorristas devem seguir se revezando com a massagem cardíaca e não parar em hipótese alguma. Sergio prontamente se oferece para colocar o Dea no boneco.
Depois dos exercícios de massagem cardíaca nos bonecos de adultos e de bebês, o socorrista Fábio ensina como realizar a Manobra de Heimlich, simplificando o nome para manobra de desengasgamento, com Sergio como voluntário mais uma vez.
Como imobilizar fraturas e realizar o transporte de maca
Ao final dos ensinamentos as turmas se revezavam nas salas. A sala seguinte é a que mostra aos mais novos socorrista da aldeia Tenondé Porã como imobilizar pessoas em casos de fraturas e como transportar pessoas contundidas em macas. Viviane e Andréa estão a frente nessa sala e ensinam como prender um socorrido a maca, como mobilizar membros com bandagem e talas, além de como colocar um colar cervical. Também anunciam a doação de uma maca e insumos como bandagens, talas e colares cervicais para a aldeia.
Enquanto tudo é explicado nos mínimos detalhes, ainda tem espaço para envolver os participantes em brincadeiras e enturmá-los enquanto praticam os exercícios. Todos riam enquanto faziam o transporte de um deles, mais uma vez o Sergio se voluntaria para o passeio de maca.
Socorrendo em caso de queimaduras e hemorragias
Elias estava à frente da última sala do curso, nela explicava como conter hemorragias e o que fazer em caso de queimaduras e ataques de bichos peçonhentos. Sempre com muito humor e convidando os participantes a contarem histórias de acidentes domésticos e como se deve agir com se deparar com esses acidentes.
No final do encontro o socorrista Elias colocou um drone para fazer uma imagem aérea e tirar foto da comunidade que participou do curso. As crianças ficaram agitadas e logo correram para ver Elias controlando o drone.
Veja o passeio de drone filmado por Elias na despedida do encontro:
Confira, abaixo, a galeria com imagens do curso ‘Noções Básicas em Primeiros Socorros’ no CECI Tenondé Porã:
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