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Estudantes surdos produzem reportagens em vídeo em Libras pelo Imprensa Jovem no CIEJA Perus I
Próxima pauta do projeto 'Imprensa Surda' será sobre o ator surdo Troy Kotsur, que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante no filme 'No ritmo do coração'
Publicado em: 13/05/2022 12h03 | Atualizado em: 16/05/2022
O Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Perus I está desenvolvendo uma ação pioneira dentro do Programa Agência de Notícias Imprensa Jovem – Rádio e TV CIEJA Perus I, que ocorre desde 2017. Neste ano, eles criaram o projeto ‘Imprensa Surda’ para dar oportunidade aos estudantes com deficiências de participarem da produção de conteúdos midiáticos na escola.
O projeto tem como objetivo principal articular mídia e educação e possibilitar a produção audiovisual no ambiente escolar incluindo os estudantes com deficiências, em especial estudantes surdos, na criação de produtos para mídia social com acessibilidade em Libras, o que também estimula o desenvolvimento da competência leitora e escritora e das expressões comunicativas dos estudantes.
A primeira cobertura jornalística do Núcleo ‘Imprensa Surda’ foi a da eleição do Grêmio Estudantil que aconteceu no CIEJA em abril deste ano. Para realizar a reportagem de cobertura sobre o dia da eleição, a edição e a interpretação em Libras aconteceram quatro encontros de organização. Participaram os estudantes repórteres: Bruno Pinho, Janete Leila de Matos Ygima, Michele Mota Torres, Rosinaide Francisca de Souza e Marly Stella Petitmat Del.
Assista a reportagem:
A próxima pauta da oficina acontece neste mês e será sobre o ator surdo Troy Kotsur, que ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante no filme ‘No ritmo do coração’. Serão realizadas quatro reuniões durante maio para fazer a matéria. Foi proposto que as estudantes acompanhassem o Oscar, assistissem ao filme e relacionassem suas histórias pessoais com a história do filme. Em junho a pauta será sobre o lançamento da primeira personagem surda em HQ, criada por Maurício de Sousa.
O coordenador do Núcleo de Educomunicação, Carlos Lima, disse que essa é uma iniciativa inédita para a Educação de Jovens e Adultos e também é uma inspiração. “Promover a inclusão é uma das premissas dos projetos de Educomunicação. A iniciativa oferece inclusão social e pedagógica para os estudantes, potencializando a autoestima e oferecendo espaço expressão comunicativa “, comentou.
A estudante Janete Leila de Matos Ygima, 53 anos, do 3º Módulo-A, diz que o projeto está “bem legal” e que tem gostado muito “porque mostra o uso da Libras para todas as pessoas.” “Para os surdos ajuda muito, pois falta janela de intérprete na maioria dos jornais da TV, dificultando a informação para nossa comunidade”. Janete é surda e foi repórter na primeira matéria que a equipe do ‘Imprensa Surda’ produziu.
Já o estudante Matheus Sousa Pereira, 29 anos, do 3º Módulo-G, autista, conta que o projeto é muito interessante e legal, pois integra estudantes com deficiências diferentes, como surdez, Síndrome de Down e autismo.
Live inspirou projeto
A ideia para a iniciativa surgiu na live promovida pelo Núcleo de Educomunicação sobre ‘Educomunicação pelas ondas do rádio’, da Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo, em dezembro de 2021, quando a intérprete de Libras, que participava da transmissão ao vivo, comentou sobre a dificuldade de estudantes surdos participarem de projetos de rádio nas escolas.
Ao se sentirem instigados com o comentário feito na live, as professoras Alecsandra Guimarães e Marcela Fontão Nogueira, responsáveis pela Sala de Recursos Multifuncional (SRM), o professor Rossini de Araujo Castro, em parceria com a intérprete de Libras, Priscila França, elaboraram uma formação para que os estudantes com deficiências pudessem integrar a equipe da Agência de Notícias ‘Imprensa Jovem +’ e participassem das produções audiovisuais.
Para o professor Rossini, a importância do projeto Imprensa Surda para o CIEJA Perus I é a confirmação de práticas pedagógicas inclusivas com autonomia dos estudantes. “E a efetivação de um ecossistema educomunicativo em que todas as vozes, línguas e sinais que compõem as complexidades de sujeitos na escola que são respeitados em suas especificidades e nas inter-relações”.
Concretizando a ideia
A Professora de Atendimento Educacional Especializado (PAEE) Alecsandra contou que no início deste ano letivo, o Projeto ‘Imprensa Surda’ tinha como desafio o objetivo dar acessibilidade em Libras (Língua Brasileira de Sinais) aos cinco estudantes surdos matriculados na Unidade Escolar.
Ao se reunirem para planejar o projeto eles pensaram “na importância de estudantes se tornarem não apenas ‘seguidores’ das notícias, mas protagonistas, participando de todas as etapas até chegarem ao produto final. “A notícia com a janela de interpretação, não só da Priscila, a intérprete de Libras, mas de repórteres protagonistas usuários de Língua de Sinais”, argumentou Alecsandra.
Dessa forma, uniram a experiência com o Imprensa Jovem, adquirida pelo professor Rossini, ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) e aos jovens e adultos surdos com idades e experiências linguísticas com Libras. Começaram o projeto e estão estruturando os encontros em etapas e criando metodologias para que os estudantes desenvolvam autonomia e ampliem o vocabulário nas duas línguas.
As oficinas acontecem às quartas-feiras, das 10h às 12h15, com as professoras da Sala de Recursos Multifuncional, Alecsandra e Marcela, a intérprete de Libras, Priscila, e o professor Rossini. Nas reuniões, são trabalhados roteiro, escolha de pauta, ação em campo com filmagem, iluminação e edição.
“A Imprensa Surda tem sido um espaço muito rico de atuação e protagonismo dos estudantes surdos que compõem o projeto. Além disso, traz a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para um lugar de destaque, algo que não é comum de se ver numa sociedade ouvinte”, afirma a intérprete de Libras, Priscila.
‘Imprensa Jovem +’ no CIEJA
A ‘Imprensa Jovem +’ foi criada em 2017, deste ano até 2019, mais de 60 alunos atuaram e participaram das oficinas ‘Imprensa Jovem +’ e foram certificados. As ações são semelhantes a do “Imprensa Jovem”, porém foi acrescentado o símbolo ‘+’ para ilustrar que os participantes são estudantes que têm a idade entre 15 a 78 anos.
Este é um dos três núcleos de atuação da Rádio e TV CIEJA Perus I. Os outros são o Grupo de Trabalho (GT) Educom e, como disse o professor Rossini, responsável pela agência no CIEJA, a “caçulinha Imprensa Surda”.
Conheça mais sobre o trabalho desenvolvido na Rádio e TV CIEJA Perus.
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