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EMEF 19 de Novembro trabalha com projeto “O Teatro do Oprimido”
Grupo de alunos desenvolvem técnicas teatrais e o senso crítico para construir peças teatrais próprias
Publicado em: 07/11/2016 9h19 | Atualizado em: 30/11/2020Alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) 19 de Novembro formaram um grupo de teatro que, além de apresentar peças dos mais diversos gêneros, ainda colocam em prática o que foi ensinado no curso “O Teatro do Oprimido”, oferecido para os docentes pela Diretoria Regional de Educação (DRE) Penha.
Tudo começou com uma leitura dramatizada em sala do livro “A Formiguinha e a Neve” proposta pela professora Josmilia Lionel com o então oitavo ano. No início deste ano, Josmilia apresentou para o conselho da escola a proposta do projeto de teatro, que recebeu o nome de “Teatro e outras Artes”.
A professora convidou alunos de todas as salas e formou um grupo, chamado “Parceiros do 19”. Atualmente, é formado por estudantes do 7º e 9º anos. Estes já fizeram uma apresentação na escola, também uma releitura, do filme “A Família Addams”.
O contato com o Teatro do Oprimido surgiu em abril deste ano, quando a professora Josmilia iniciou o curso oferecido pela DRE Penha. Ela compartilhou a experiência com os seus alunos e propôs a eles que aplicassem as técnicas do Teatro Fórum no grupo.
Num primeiro momento, fizeram alguns jogos voltados não só para o desenvolvimento de técnicas teatrais, como também para o desenvolvimento do senso crítico. De acordo com a professora, falar sobre o que entenderam das cenas e dos jogos é um dos momentos para exercitar esse senso.
Como as encenações tratam de histórias reais, cada aluno escreve o seu relato de forma anônima. “Nós lemos as histórias, escolhemos uma delas e fazemos as cenas. Tudo é conduzido por eles, nada vem pronto. Eu sou apenas o ‘coringa’ que media o processo, e isso faz o jovem amadurecer muito em todos os sentidos”, afirmou a professora Josmilia.
A professora também declarou que esse processo tem o intuito de mostrar aos alunos que existem alternativas para os problemas e que pessoas diferentes os veem de forma diferente.
Cumplicidade e respeito – “Formou uma cumplicidade e respeito muito grande. Eles têm plena consciência de que tudo que é falado no grupo de teatro fica no grupo. O processo do projeto tem sido muito gratificante”, analisa Josmilia.
Os alunos integrantes do “Parceiros do 19” têm aproveitado da melhor forma a experiência de participar de um grupo de teatro. “Eu me sinto protegida aqui, a gente passa por muita coisa lá fora. Quando chegamos aqui e encontramos os amigos, isso faz com que a gente fique bem”, afirmou Larissa Domingues Leite, aluna do 9ºC.
“Eu me inscrevi, mas não tinha vontade de vir, até que um dia tive que ficar para o projeto e despertou o meu interesse. O teatro tem me ajudado a socializar e apresentar trabalhos e seminários”, disse Matheus Cardoso da Cruz, do 9º A.
As estudantes Beatriz Beltrame e Ana Paula Oliveira Fonseca, ambas do 9º C, sempre gostaram de atividades que envolvessem arte. Essa experiência despertou nelas a vontade de trabalhar com artes cênicas profissionalmente.
Quase todos afirmaram que tinham problemas com timidez e que o teatro os tem ajudado também quanto a isso, como os alunos Sara Lucia do 7ºC, Isabella Nunes Ferreira, Renan Dias de Oliveira e Bruna Ferro da Conceição, do 9ºC e Suzane da Conceição do 9ª A.
“Cheguei este ano nesta escola. Eu era muito tímida. Quando entrei no grupo de teatro me senti bastante diferente, perdi um pouco da timidez, tenho a sensação de que aqui é uma família, me sinto acolhida por todos eles e também mais confortável para falar com as outras pessoas”, declarou Suzane.
A diretora Elizabeth Faria Micheletti disse que sempre teve vontade de começar um grupo de teatro no EMEF 19 de Novembro e que também tem notado as mudanças que a iniciativa proporcionou aos alunos quanto à timidez.
A professora Josmilia disse que os outros colegas, em conselho, afirmaram que a postura e entonação dos alunos mudaram e que eles estão também muito mais participativos em classe. “Isso é muito gratificante, é sinal de que o projeto está dando certo e que deve ter continuidade”, disse Josmilia.
Teatro do Oprimido – Foi criado pelo dramaturgo e diretor Augusto Pinto Boal, em 1960, que pretendia usar o teatro como uma ferramenta de trabalho político, social, ético e estético, a fim de contribuir para a transformação social. Ele queria transformar o espectador em sujeito atuante e transformador da ação dramática.
Há muitas técnicas trabalhadas no Teatro do Oprimido, tal qual o “Teatro Fórum”, em que os atores criam cenas a partir de uma situação problema, um conflito, de preferência um que tenha sido vivido por algum dos envolvidos, na sequência propõem aos espectadores que mostrem, de forma cênica, soluções para o problema apresentado.
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