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Educomunicação Socioambiental promove cooperação entre escolas

Criação de horta medicinal, passeio ecoturístico e desenvolvimento de HQ como desdobramentos do curso

Publicado em: 16/11/2015 15h54 | Atualizado em: 30/11/2020

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Criação da horta medicinal na EMEF João Domingues Sampaio envolveu quatro etapas: aragem da terra, adubação, plantio e regagem

Por Carmen Gattás, Débora Menezes e Thaís Brianezi, formadoras do Programa Nas Ondas do Rádio

O que uma horta medicinal e um passeio ecoturístico têm em comum? Se a horta em questão tiver sido criada na estufa da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) João Domingues Sampaio na quarta, 21 de outubro, e o passeio tiver ocorrido no polo de ecoturismo de Parelheiros no sábado, 17 de outubro, além da evidente relação direta com a natureza, os dois são desdobramentos do curso Educomunicação Socioambiental na Escola, promovido pelo Programa Nas Ondas do Rádio da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (NOR/SME).

O passeio envolveu professores e gestores que participaram do referido curso no Centro Educacional Unificado (CEU) Parelheiros nos dias 3 e 10 de outubro. A oportunidade surgiu a partir do convite do empresário Roberto Carlos da Silva, que possui uma pousada em Parelheiros. Os participantes visitaram o Parque Natural Municipal Itaim e o Centro de Defesa das Águas do Rio Capivari.

Já a criação da horta medicinal surgiu como resultado da formação realizada na Diretoria Regional de Educação Jaçanã-Tremembé (DRE-JT), cuja última aula aconteceu na terça, 20 de outubro, à noite. A iniciativa partiu da cursista Silene Pereira Goulart Bexiga, professora da EMEF João Domingues Sampaio. Além de outros participantes da própria escola, o evento reuniu representantes da EMEF Almirante Tamandaré, da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Eduardo Carlos Pereira, do Centro de Educação Infantil (CEI) Jardim Japão, da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SMVMA), do Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES) Santana Tucuruvi e da própria DRE-JT.

“O bacana é que esta é uma iniciativa que promove o intercâmbio e a cooperação entre as escolas”, destacou a professora Ludmilla Mignaco, da EMEF Almirante Tamandaré – que, assim como a EMEF João Domingues Sampaio, está localizada no bairro da Vila Maria Alta. Ela estava acompanhada de 13 estudantes dos 3ºs, 4ºs e 8ºs anos que participam da Rádio Calafrio. Eles colocaram a mão na massa – ou melhor, na terra – e ainda fizeram a cobertura educomunicativa do evento.

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Júlia Nascimento, da Rádio Calafrio, entrevista a formadora do NOR Carmen Gattás

A estudante Júlia Nascimento, que faz parte da Rádio Calafrio, entrevistou a formadora do NOR Carmen Gattás. “Eu aprendi que é importante não ter sujeira no local escolhido para fazer a horta medicinal. E que é preciso evitar a presença de animais, como cães e gatos”, contou Julis, que no ano passado já havia ajudado a cuidar da horta da EMEF Almirante Tamandaré.

Estufa – A estufa da EMEF João Domingues Sampaio foi construída há dois anos, no contexto do então existente projeto Escola Estufa Lucy Montoro. Neste ano, a escola conta com a parceria do coordenador de educação ambiental da Divisão de Gestão Descentralizada (DGD) Norte da SMVMA, José Francisco Armelin. Toda semana, Francisco está presente para desenvolver um trabalho com os estudantes: às quartas-feiras de manhã, com alunos do Fundamental I e, quintas-feiras à tarde, com os do Fundamental II.

Recentemente, eles plantaram quiabo, vagem, rabanete, cebolinha, almeirão e espinafre. “E nós já conseguimos colher 80 pés de alface”, comemorou Francisco.

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A estufa da EMEF João Domingues Sampaio é remanescente do projeto Escola Estufa Lucy Montoro

A diretora Sheila de Oliveira Gonçalves disse que o interesse dos estudantes no projeto foi imediato e só vem crescendo. “Já observamos efeitos positivos no incentivo à alimentação saudável e na participação da comunidade. Na Mostra Cultural, mães e pais entraram na estufa para colher alface. E ganharam como lembrança uma muda de flor. O bacana é que são os próprios filhos que estão ensinando como cuidar bem delas”, contou a diretora.

Plantas medicinais – A criação da horta medicinal, na terça, 21 de outubro, pela manhã, ocupou dois canteiros da estufa. Com ajuda de Francisco, as crianças e jovens plantaram alho roxo, manjericão, penicilina e boldo peludo.

Mas, antes de partir para a prática, houve uma roda de conversa, na qual Carmen exibiu o documentário “A saúde está entre nós”, produzido pela Articulação Nacional de Agroecologia.

O vídeo mostrou como as plantas medicinais promovem o diálogo de saberes, aliando conhecimentos populares e científicos. E denunciou o lobby da indústria farmacêutica contra os fitoterápicos, que difunde a falsa ideia de que esses medicamentos naturais são ineficazes.

“Minha mãe não levava a gente ao médico e fazia muitos chás para nós. Vai ver que é por isso que tenho 69 anos sem ter qualquer problema de saúde, nem pressão alta”, revelou a professora Laura Florenco. Ela é a responsável pela horta de verduras e leguminosas da EMEI Eduardo Carlos Pereira, que tem 14 canteiros. “Eu quis vir aqui participar da atividade e não me arrependi. A gente está aprendendo o tempo todo”, afirmou a professora.

“Muitas plantas são parecidas. É preciso cuidado para não confundir, porque algumas são tóxicas”, alertou Carmen. “É fundamental pesquisar antes e procurar especialistas porque cada pessoa reage de um jeito aos princípios das plantas. O que faz bem para mim pode não fazer para você. Além disso, a concentração na hora de fazer o chá é outro fator chave: tem que estar na medida certa”, reforçou Francisco.

No CEI Jardim Japão ainda não há hortas. Mas a professora Lúcia Helena Barboza Santos, que fez o curso Educomunicação Socioambiental na Escola, pretende criar uma. “Saio daqui com boas dicas e contatos. Já sei, por exemplo, que não é preciso uma estufa para que uma horta dê certo”, declarou ela.

“Mexer com a terra é algo que promove o cuidado, o respeito e se reflete no comportamento das pessoas. É uma estratégia pedagógica ótima para inibir atitudes violentas”, opinou o engenheiro Sidnei Augusto, membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES) Santana Tucuruvi.

“O trabalho em rede é fundamental, une as escolas em prol da sustentabilidade”, defendeu Shirley Diniz, gestora da DRE JT.

Polo de ecoturismo de Parelheiros – O convite para a visita guiada ao polo de ecoturismo de Parelheiros, no bairro de Marsillac, foi fruto da palestra que o empresário Roberto Carlos Silva deu aos participantes do curso Educomunicação Socioambiental na Escola no CEU Parelheiros. O passeio, em si, aconteceu no último dia 17, um sábado, e contou com atividades de manhã e de tarde.

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Professoras da DRE Capela do Socorro conhecem o Parque Natural Municipal do Itaim

A primeira parada foi no Parque Natural Municipal do Itaim, onde há o trecho preservado de um rio com o mesmo nome. Cinco educadoras visitaram este parque, cuja criação é fruto de uma compensação ambiental referente ao licenciamento do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas. Elas também visitaram a casa-ateliê do artista plástico Rosário, vizinho ao Parque, e ainda o Centro de Defesa das Águas do rio Capivari (CEDAC), um centro de educação ambiental mantido pela SABESP.

Na hora do almoço, os participantes puderam conhecer a Pousada Silcol, parceira do projeto Polo de Ecoturismo de São Paulo, que divulga e realiza passeios pela região Sul da capital. A atividade foi organizada pela Toca da Onça Ecoturismo, a ONG Universidade da Água e a SMVA.

“Experiências como essa são fundamentais para a construção de uma formação e vivência sobre a política de preservação ambiental nos grandes centros urbanos”, avaliou Roberto Carlos.

Coopercral – Além do passeio, outra consequência do curso no CEU Parelheiros foi a iniciativa das professoras Juliana Tomé e Juliana Maciel (EMEI Vargem Grande I), Thayane Lopes (EMEI Luiz Gonzaga) e Patrícia de Souza (EMEF Plínio Marcos) de conhecer a sede da Cooperativa Cratera Limpa (Coopercral), que realiza coleta de resíduos no bairro de Vargem Grande. Na visita, elas observaram que a cooperativa necessita de apoio e de valorização de seu trabalho.

Como a proposta do curso era incentivar o uso educomunicativo de ferramentas de mídia para provocar mobilização, o grupo de professoras fez uma história em quadrinhos para chamar a atenção sobre a Cooperativa. O resultado pode ser conhecido abaixo.



As professoras planejam realizar novas visitas à cooperativa, dessa vez acompanhadas de alunos.

Imprensa Jovem – Clique aqui e veja a matéria produzida pela Rádio Calafrio, equipe de Imprensa Jovem da EMEF Almirante Tamandaré, sobre a criação da horta medicinal na EMEF João Domingues Sampaio

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