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Biblioteca do CEU Parelheiros promove palestra do escritor indígena Olívio Jekupé
Evento compõe o projeto “Para Quem Você Faria o Prefácio?” e também contou com a presença do cantor Kunumi MC, filho do escritor
Publicado em: 24/06/2016 11h29 | Atualizado em: 30/11/2020A Biblioteca Carolina Maria de Jesus, localizada no Centro Educacional Unificado (CEU) Parelheiros, promoveu no dia 17 de junho uma palestra do escritor indígena Olívio Jekupé. O evento, que também contou com uma apresentação do filho do autor, Kunumi MC, faz parte do projeto “Para Quem Você Faria o Prefácio?” e é resultado de uma parceira entre Biblioteca, a Gestão do CEU e as unidades escolares que existem no espaço. O objetivo é levar autores para conversar com crianças e jovens da comunidade.
Morador da Aldeia Krukutu, Olívio Jekupé começou a escrever em 1984, quando tinha 15 anos. Hoje, com 47, é autor de quinze livros. Entre as obras publicadas estão “Larandu, o cão falante”, “O Saci Verdadeiro”, Verá – O Contador de Histórias” e “A Mulher Que Virou Urutal”, que fez em parceira com sua esposa, Maria Kerexu. O escritor também é conhecido pelas palestras e cursos que ministra.
Realizado na manhã do dia 17 de junho, a palestra de Olívio Jekupé teve como plateia alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Manoel Vieira de Queiroz Filho. Em sua fala, o autor ressaltou a importância de se conhecer a literatura indígena. Segundo ele, existem atualmente 50 escritores indígenas no Brasil, porém, pouca gente os conhece. “É por meio desses livros que as pessoas podem saber mais sobre a nossa cultura e, assim, valorizá-la. Quando conhecemos a cultura do outro, passamos a respeitá-la”, argumentou Olívio.
Segundo o autor, ainda há muito preconceito contra os índios e questionamentos sobre a qualidade dos materiais culturais produzidos por eles. “Muitas pessoas perguntam se os livros são meus mesmo. Se eu escrevo sozinho. As pessoas ainda têm aquela imagem do índio selvagem. O índio antes era contador de histórias, porque não sabia escrever, não existiam escolas nas aldeias. Hoje, esse cenário é diferente”, completou.
Além de Olívio, o evento também contou com a presença do filho do autor e cantor de rap Werá Jekupé, mais conhecido como Kunumi MC. As crianças, que estavam sentadas, levantaram para escutar os versos musicais do jovem índio. As letras abordam a causa indígena e, principalmente, a questão da demarcação de terras.
Após a apresentação, Kunumi respondeu perguntas feitas pelos jovens e disse ter Sabotage e Mano Brown como suas principais influências. O jovem também voltou a destacar a importância da produção cultural indígena. “Muitas pessoas dizem que perdi minha cultura porque canto rap, mas é justamente o contrário. Faço rap porque quero transmitir minha cultura e fazer com que ela seja conhecida cada vez mais”, ressaltou o rapper.
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