Programa de Alimentação Escolar

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A Prefeitura de São Paulo acompanhou o desenvolvimento do Programa de Alimentação Escolar (PAE) conforme a educação avançava no município. A experiência adquirida ao longo do tempo permitiu que o programa fosse expandido para outros setores da alimentação municipal, passando por diversas Secretarias até que, em 2009, retornou para a Secretaria Municipal de Educação.

Confira os avanços do Programa, conforme linha do tempo.


Histórico do PAE em São Paulo

1935: Início da atuação da Prefeitura de São Paulo na educação, com a criação dos Parques Infantis para atender crianças de 3 a 12 anos. Nessa época, surgiu a necessidade de oferecer um lanche para as crianças, resultando na distribuição de “um copo de leite”.

1956: A Prefeitura passou a atuar no Ensino Primário, oferecendo educação gratuita. Foi criada a Caixa de Assistência Escolar, responsável por fornecer alimentos para as crianças. Isso marcou o início da preocupação com a alimentação escolar.

1956-1960: Com a expansão do ensino municipal, cresceu a preocupação com a qualidade da educação e a alimentação das crianças. Os professores, conscientes dessa necessidade, forneciam a “sopa escolar” nas escolas, embora com dificuldade.


1963-1968: O Ministério da Educação e Cultura (MEC) lançou a Campanha Nacional de Alimentação Escolar (CNAE), redistribuindo alimentos enviados pelos Estados Unidos para melhorar a nutrição nas escolas. As escolas locais complementavam esses alimentos para melhorar sua aceitação.


1967: Foi criada a Lei Municipal nº 7.073, que estabeleceu o Departamento de Assistência Escolar, com a responsabilidade de cuidar da saúde e nutrição das crianças e adolescentes. A merenda escolar passou a ser organizada pela Divisão de Administração da Merenda Escolar, dentro desse departamento.


1970: O Decreto Municipal nº 8.852 definiu que o cardápio escolar deveria fornecer, no mínimo, um terço das necessidades calóricas e proteicas diárias dos estudantes em turnos de 4 horas, e metade para estudantes em turnos de 8 horas.


1973: Em um debate sobre a alimentação escolar na Câmara Municipal de São Paulo, foi ressaltada a desnutrição como um problema permanente. A merenda foi considerada uma complementação à alimentação de casa e deveria conter alimentos de alto valor nutritivo.


1976-1979: Com a criação do Programa Nacional de Alimentação e Nutrição II (PRONAN II), a alimentação escolar passou a atender de 15 a 30% das necessidades nutricionais diárias dos estudantes em turnos de 4 horas. O nome “Merenda Escolar” foi alterado para Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).


1978: Foi realizado o I Curso de Saúde Escolar, destacando a importância de uma alimentação equilibrada para o crescimento e o desenvolvimento das crianças, além da educação alimentar e nutricional.


1981: A alimentação escolar foi estendida para os Centros de Educação Infantis (CEIs) e Centros de Juventude Municipais. O Departamento de Assistência Escolar foi renomeado para Departamento de Saúde Escolar.


1986: A Divisão de Administração da Merenda Escolar foi transferida para a Coordenadoria de Alimentação e Suprimento (CAS), que passou a atender também outras instituições municipais, como hospitais, CEIs e Centros Esportivos.


1989: A CAS foi transferida para a Secretaria Municipal de Abastecimento (SEMAB), ficando responsável por todos os programas de alimentação do município, atendendo cerca de 1,1 milhão de refeições diárias.


1995: Foi criado o Programa de Vitaminização da Merenda Escolar, que introduziu alimentos enriquecidos com ferro e vitaminas nos cardápios das escolas, melhorando a qualidade nutricional das refeições oferecidas.


2001: A Coordenadoria de Alimentação e Suprimento foi extinta, e o Departamento de Alimentação e Suprimento foi criado na Secretaria Municipal de Abastecimento (SEMAB). Nesse ano, passou-se a priorizar o fornecimento de refeições salgadas (almoço e jantar) para os estudantes, principalmente nos turnos em que essas refeições eram servidas (normalmente no 2º e 4º turnos). Nos 1º e 3º turnos, o cardápio era composto, em sua maioria, por lanches.


2005: A SEMAB foi extinta, e suas funções foram transferidas para a Secretaria Municipal de Gestão. O Departamento de Merenda Escolar (DME) foi criado pelo Decreto Municipal nº 46.220, com o fornecimento diário de 1,6 milhão de refeições.

2008: A Portaria nº 4618 organizou as unidades educacionais para o ano de 2009. As Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) passaram a funcionar em turnos de 5 horas, as Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs) em turnos de 6 horas e os Centros de Educação Infantil (CEIs) em período integral de 10 horas. Com a ampliação da carga horária, o cardápio das EMEFs e EMEIs passou a incluir duas refeições (lanche e refeição). Nos CEIs, manteve-se o fornecimento de cinco refeições diárias, composto por desjejum, colação, almoço, lanche da tarde e jantar. Em 30 de dezembro de 2008, o DME foi transferido para a Secretaria Municipal de Educação (SME) por meio do Decreto Municipal nº 50.362, atendendo exclusivamente às unidades educacionais da SME.


2011: O DME inovou ao oferecer uma refeição vegetariana quinzenal nas EMEFs e EMEIs com gestão terceirizada. A proteína texturizada de soja (PTS) foi a fonte proteica escolhida, com receitas como escondidinho de purê de batata com PTS e macarronada com molho e PTS.


2012: O DME publicou seu primeiro edital para aquisição de alimentos da Agricultura Familiar (AF), iniciando com arroz parboilizado. O cardápio com PTS foi estendido às EMEFs e EMEIs com gestão direta e mista e, em 2013, também aos CEIs.


2013: O DME foi renomeado para Departamento de Alimentação Escolar (DAE) pelo Decreto Municipal nº 53.974, consolidando suas ações na SME. O DAE promoveu a Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e aumentou a aquisição de produtos agroecológicos e orgânicos da Agricultura Familiar, como suco de laranja integral e arroz orgânico.Um grupo de trabalho foi criado para expandir a aquisição de produtos da Agricultura Familiar (AF) no Programa de Alimentação Escolar (PAE). Outro grupo, formado por técnicos do DAE e da área pedagógica da SME, organizou o primeiro evento sobre EAN nas escolas: o Seminário Novos Rumos da Educação Alimentar e Nutricional.

2014: Foi lançado o prêmio Educação Além do Prato, que incentivou projetos pedagógicos sobre alimentação saudável. As escolas desenvolveram receitas com frutas, legumes e verduras (FLV), valorizando as cozinheiras. Os vencedores ganharam viagens de intercâmbio para o Senegal e Brasília, além de reformas em espaços de alimentação escolar. Em junho, o DAE firmou um Acordo de Cooperação Técnica com a Faculdade de Saúde Pública da USP, focado em estudos conjuntos por cinco anos, atendendo às demandas de ambas as instituições.


2015: A Lei nº 16.140 foi publicada, tornando obrigatória a inclusão de alimentos orgânicos ou de base agroecológica na alimentação escolar, com implantação gradual. Foi instituído o programa Na Mesma Mesa, que promovia a alimentação como um momento de convivência e educação para hábitos alimentares saudáveis.

Em agosto, ocorreram seminários em comemoração à Semana Mundial de Amamentação, com a participação de 200 unidades de CEIs, reforçando o papel dos CEIs no apoio ao aleitamento.


2016: O Decreto nº 56.793 alterou o nome do DAE para Coordenadoria de Alimentação Escolar (CODAE). Em abril, o Decreto nº 56.913 regulamentou a Lei nº 16.140, estabelecendo o Plano de Introdução Progressiva de Alimentos Orgânicos na alimentação escolar.

O Seminário Educação Além do Prato destacou a alimentação escolar como parte do currículo, discutindo temas como saúde, comensalidade e sustentabilidade. Também se iniciou a parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente e a Secretaria do Trabalho para expandir as Hortas Pedagógicas, que alcançaram 351 hortas ativas na rede municipal.


2017: Foi lançado o aplicativo Prato Aberto, que permite que as famílias e escolas acessem os esquemas alimentares diários por escola. Também começou um estudo transversal nas EMEFs para avaliar o estado nutricional e o consumo alimentar de estudantes de 6 a 9 anos. Além disso, foram realizados o I Seminário: O Uso Pedagógico de Hortas nas Unidades Escolares e a campanha CEI Amigo do Peito, promovendo o aleitamento materno.


2018: O Decreto nº 58.154 criou a Divisão de Educação Alimentar e Nutricional (DIEDAN) dentro da CODAE. Nesse período, foram implementadas melhorias nos cardápios escolares, incluindo mais frutas, legumes e alimentos integrais. Iniciou-se a inserção progressiva nos cardápios de outras leguminosas, além dos feijões carioca e preto, como o grão de bico, ervilha e lentilha. Foi lançado o projeto “Cardápio Escolar Sustentável”, em parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).

Foi iniciado o desenvolvimento do Sistema de Gestão do Programa de Alimentação Escolar: SIGPAE, pela Secretaria Municipal de Educação juntamente com a equipe técnica da CODAE, a fim de facilitar e auxiliar o gerenciamento de processos e informações do PAE no Município de São Paulo, em uma única plataforma.


2019: A CODAE incluiu novos alimentos orgânicos, como molho de tomate e doce de banana, e continuou a expandir o Programa CEI Amigo do Peito, que foi premiado pelo Conselho Nacional de Justiça. O número de dietas especiais para estudantes com necessidades alimentares específicas aumentou para 13.229, sendo 56,7% para alergias alimentares.


2020: O Programa CEI Amigo do Peito obteve a primeira colocação no “Premia Sampa”, na categoria Políticas Públicas.

Durante a pandemia, a SME garantiu a alimentação dos estudantes por meio da distribuição de recursos financeiros via cartão magnético para compra de alimentos. A CODAE elaborou guias para o retorno às aulas presenciais, com novos procedimentos de segurança alimentar. A Orientação Normativa de Educação Alimentar e Nutricional para Educação Infantil foi publicada, apoiando práticas pedagógicas relacionadas à alimentação nas escolas.

A Orientação Normativa de Educação Alimentar e Nutricional para Educação Infantil é um marco, pois foi construída em conjunto por nutricionistas e professores,  a partir de práticas educativas já desenvolvidas e alinhadas ao Currículo da Cidade – Educação Infantil. Seu objetivo é apoiar os educadores no planejamento de propostas que respeitem o tempo da alimentação de acordo com as necessidades e os ritmos das crianças, a potência de suas escolhas quando são incentivadas e como se apropriam dos espaços e materialidades com facilidade. A Orientação Normativa propõe considerar os valores sociais, culturais e emocionais da alimentação.


2021: A CODAE continuou a investir em hortas pedagógicas como ferramenta de educação alimentar. O número de hortas ativas cresceu, chegando a 509 hortas na Rede Municipal de Ensino.


2022: A CODAE expandiu o número de hortas pedagógicas para 692 unidades, promovendo o contato direto dos estudantes com a produção de alimentos e incentivando hábitos alimentares mais saudáveis.


2023: Foi lançada a Formação Online Cardápio Escolar Sustentável, destinada a cozinheiros escolares e toda a comunidade escolar. O curso tem como objetivo incentivar práticas alimentares mais sustentáveis, com o apoio da Sociedade Vegetariana Brasileira e do grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança Climática. A ação faz parte de um esforço para reduzir a pegada ambiental da alimentação escolar, promovendo a inclusão de mais vegetais e a diminuição do consumo de carne.


2024: A CODAE promoveu a Jornada de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), focada em temas como o impacto da crise climática na alimentação, o papel das merendeiras como educadoras e a valorização das culturas alimentares tradicionais nas escolas. Essa jornada visa fortalecer as práticas de educação alimentar nas escolas públicas de São Paulo​.


Referências:

Regras específicas do município de São Paulo: Alimentação Escolar.

Conselho de Alimentação Escolar: CAE.

Histórico da alimentação escolar na cidade de São Paulo: Assista à aula.

São Paulo (Cidade), SECRETARIA MUNCIPAL DE ABASTECIMENTO. Programas de Alimentação do Município de São Paulo. São Paulo, 1996. 117p.

STEFANINI, Maria Lucia R. Merenda Escolar: História, Evolução e Contribuição no Atendimento das Necessidades nutricionais da criança. São Paulo, 1997. p.49-50.