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Encontros presenciais marcam inauguração do curso Imprensa Jovem Online – Telejornalismo

Formação trabalhará leitura crítica do telejornalismo brasileiro e aspectos da produção audiovisual

Publicado em: 08/08/2017 15h38 | Atualizado em: 30/11/2020

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Crédito: Kassandra Brito, formadora do Nas Ondas do Rádio -NOR
Sueli Fonseca inspirou os presentes ao contar como criou o programa Academia Estudantil de Letras

Matéria redigida por Thaís Brianezi, formadora do Nas Ondas do Rádio – NOR

Na quinta, 14 de abril, e no sábado, 16 de abril, aconteceram os encontros presenciais do curso Imprensa Jovem Online (IJO) – Telejornalismo, ofertado pelo Núcleo de Educomunicação (antigo programa Nas Ondas do Rádio – NOR) da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME). Os eventos ocorreram no auditório da SME e tiveram como público alvo, respectivamente, 65 e 115 professores participantes do curso.

“O curso Imprensa Jovem Online tem um caráter diferenciado, porque ele é feito em conjunto pelos professores e estudantes que compõem as agências de notícias nas escolas”, destacou Carlos Lima, coordenador do NOR. “É a primeira vez que damos o curso inteiro dedicado ao Telejornalismo. A gente sentiu essa demanda e espera, com isso, contribuir para qualificar ainda mais as produções audiovisuais das equipes da Imprensa Jovem”, explicou a coordenadora do curso, a formadora Isabel Santos.

O curso irá até junho e está dividido em quatro grandes módulos: 1) Leitura crítica do telejornalismo brasileiro; 2) A pauta e o texto para televisão; 3) A produção audiovisual em si: a captação de imagem e voz; 4) Edição audiovisual: princípios e técnicas. “Vamos começar discutindo o fato de as televisões no Brasil serem concessões públicas, quais as regras que elas deveriam seguir, por que não seguem e como a gente pode se mobilizar para cobrar mais diversidade e qualidade na programação”, detalhou a conteudista Thaís Brianezi, formadora do NOR.

Literatura – A temática transversal desta edição do IJO é literatura. As duas edições anteriores se debruçaram sobre a sustentabilidade e, depois, as relações étnico-raciais. “A escolha do tema foi estratégica, porque queremos preparar as equipes da Imprensa Jovem para a cobertura compartilhada da Bienal Internacional do Livro, em agosto”, revelou Isabel Santos.

Sheila Ferreira Costa Coelho, coordenadora do Núcleo Sala e Espaço de Leitura da SME, enfatizou a importância de abrir espaço para a chamada literatura marginal nas escolas. “A ideia é não silenciar nenhuma narrativa. Não vamos deixar de ler os autores canônicos, mas queremos valorizar a produção de alta qualidade que vem da periferia e tende a permanecer invisibilizada”, ponderou ela.

Também do Núcleo Sala e Espaço de Leitura, Diogo Marciano emocionou os presentes ao ler o conto “O Novo Brinquedo”, de Rodrigo Ciríaco, publicado na coletânea “Eu sou Favela” e disponível também no blog do autor. “A possibilidade da violência é real, mas não resume a periferia”, sintetizou o educador, diante de uma plateia surpreendida com o final do texto.

A emoção marcou ainda a fala da coordenadora do programa Academia Estudantil de Letras (AEL), Sueli Fonseca. Ela relatou como a iniciativa surgiu, em 2005, quando era professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Padre Antônio Vieira e como foi aos poucos se expandindo, até chegar às atuais 79 academias existentes. “Quando a gente fala em literatura, faz um convite para ouvir a própria alma. A literatura tem duas funções primordiais: promove conhecimento e humaniza. Ela gera autoconhecimento, movimento e transformação”, defendeu a educadora.

“Os meus estudantes estão muito animados com a proposta do curso”, contou a professora Doralice dos Santos, da EMEF Desembargador Teodomiro Toledo Piza. “Eles me perguntam todo dia se já podem entrar no Edmodo, se o material já está no ar”, completou ela.

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Crédito: Salete Soares, formadora do Núcleo de Educomunicação
Felipe, Erick, Caio e Thaís, integrantes do VOPO – Vozes Poéticas, encantaram os educadores com poesia engajada

Identidade – No encontro de sábado, o grupo VOPO – Vozes Poéticas, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) General Paulo Carneiro Thomaz Alves, da Diretoria Regional de Educação (DRE) Jaçanã/Tremembé, encantou os presentes ao mostrar na prática o que literatura e educomunicação podem ter em comum: o incentivo ao protagonismo infanto-juvenil, à leitura crítica da realidade e à produção colaborativa e engajada. “A gente começou como uma iniciativa do Mais Educação federal. Mas não somos um projeto, somos uma ação social”, sintetizou o professor Felipe Yanez, um dos fundadores desse movimento que nasceu na escola e se expandiu para além dos seus muros. “Nossa escola carrega o estigma de ser ´a escola da latinha na favela da funerária`. Mas agora vão construir um CEU [Centro Educacional Unificado] onde havia a funerária. Já que estamos aqui falando de literatura e identidade, isso diz muita coisa”, completou ele.

O professor Felipe estava acompanhado de outros três integrantes do VOPO: Erick, estudante da EMEF Gal. Paulo Carneiro, e os ex-alunos de lá, Caio e Thaís. Os três declamaram poemas autorais e defenderam de forma convicta e muito bem fundamentada a proposta pedagógica do grupo. “Como estou falando a professores, faço aqui um apelo: não desistam de seus alunos. Deem vez e voz a eles”, pediu Caio. “O trabalho com a cultura latino-americana me ajudou inclusive a entender e me relacionar melhor com o meu vizinho boliviano”, contou Erick. “Poesia não são só palavras bonitas, mas de fantasia. A gente escreve sobre nossa realidade”, afirmou Thaís.

O outro convidado do sábado, Vinebaldo Aleixo de Souza Filho, do Núcleo Étnico-racial da SME, contribuiu para acrescentar uma perspectiva histórica à chamada literatura periférica. “Por muito tempo se acreditou que a Imprensa Negra no Brasil começou com o OMLCK, publicado em 1915. Mas hoje se sabe que desde 1833 o Francisco de Paula Brito publicava o jornal ´O Homem de Cor`, que depois passou a se chamar ´O Mulato`”, explicou o educador, que ministra o curso “ Literatura, etnicidade e gênero”. “Eu nasci no Jardim Capelinha, como o escritor Ferréz. E foi só quando estava no cursinho da Poli que descobri ´Vidas Secas` [obra de Graciliano Ramos], livro que me ajudou muito a compreender minha história, a trajetória da minha família do Nordeste até aqui”, contou Vinebaldo.

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