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Merendeiras e Coordenadores Pedagógicos participam do I Workshop de Educação Alimentar e Nutricional na FSP USP.
A atividade reuniu representantes de 13 DREs finalistas do prêmio “Educação Além do Prato” do município de São Paulo.
Publicado em: 04/07/2016 13h00 | Atualizado em: 30/11/2020Considerado um marco histórico, o encontro realizado entre nutricionistas especialistas e merendeiras do Departamento de Alimentação Escolar (DAE) da Secretaria Municipal de Educação, na Faculdade de Saúde Pública da USP, dia 10/02/14, revelou a força das parcerias construtivas. A iniciativa selou o casamento entre o saber acadêmico e o saber popular.
Estímulos teóricos despertam a criatividade de merendeiras
O workshop aconteceu nas instalações da FSP/USP, e esta talvez tenha sido a primeira vez que as merendeiras estiveram em uma sala de aula universitária como protagonistas. Elas também percorreram o laboratório de técnica dietética, a biblioteca e o laboratório digital de aprendizado clínico prático em saúde (e-LAP).
Se todos os ambientes físicos de uma escola podem ser considerados recursos disponíveis para ações educativas, qual é o papel das merendeiras dentro do programa pedagógico de educação? Essa foi a provocação que motivou um dos debates. Fora isso, também houve o compartilhamento de técnicas de preparo para preservação de nutrientes e outros.
Hábitos alimentares adquiridos, o corre-corre e a consequente tentativa de reduzir o tempo faz com que a percepção sob os alimentos acabe virando algo corriqueiro, quase sem vida. Entretanto o aroma, a textura e o sabor revitalizam os sentidos que facilitam o desabrochar da criatividade na elaboração das comidas.
Mas para reavivar os sentidos e a memória, uma das merendeiras eleita pelo grupo respondia aos questionamentos do grupo, de olhos vendados: “É áspero, liso, macio, frio ou seco? Isso faz você lembrar alguma coisa?”.
Os testes continham ingredientes como: arroz, sal, cenoura, maçã, gengibre, couve flor, goiaba, hortelã, manga, manjericão, orégano, salsão, alecrim e açúcar.
Na sequência, esses mesmos produtos serviram de base para o preparo de comidas considerando a dosagem de óleo, sal, e açúcar. “As crianças são como um livro em branco, se oferecermos alimentos com pouco ou muito sal, açúcar, óleo ou ervas, eles terão mais facilidade para formar um paladar mais saudável. O alimento muito salgado, por exemplo, se consumido por 20 anos, pode resultar em hipertensão”, explica a Profa. Betzabeth Slater Villar. A proposta é substituir boa parte do sal, que é um realçador de sabor, por ervas, e assim estimular o paladar a experimentar outras possibilidades.
E quando servimos algo diferente do habitual como berinjela ou abobrinha refogada, por exemplo, mas o estudante rejeita? Como agir?
“Para que uma pessoa possa confirmar uma negativa do paladar é preciso experimentar, pelo menos, cinco vezes. Não se pode afirmar isso sem antes ter feito essas tentativas” destaca a Profa. Betzabeth Slater Villar.
Até mesmo algumas das merendeiras relataram que não apreciavam tanto a berinjela, mas saíram dispostas a fazer as cinco tentativas sugeridas, também já com ideias de diferentes formas de temperar.
“Nota dez! Dez! Nota dez! Prato tão dignamente preparado que não perde em nada para os melhores restaurantes de SP”. Ressaltava a Profa. Betzabeth Slater Villar, durante a degustação dos alimentos elaborados sob a orientação das nutricionistas. Foram adotadas formas variadas, intercalando ervas e sal, ora com erva e sal, ora com ervas e sem sal. No preparo da couve, por exemplo, foi possível visualizar um preparo rápido e outro mais demorado.
Todas as equipes, merendeiras e nutricionistas, puderam verificar a cor, a textura, o aroma e o sabor dos pratos e reconhecer a diferença do efeito de acordo com o tempo de cada preparo e balanceamento de ingredientes.
Visitar as instalações da Faculdade de Saúde Pública também provocou e tocou as merendeiras por meio de outros recursos, como a Biblioteca, onde puderam observar toda uma bibliografia sobre culinária. “Da próxima vez, disse uma delas, seria bom aumentar o tempo de visita na Biblioteca”.
Em outro momento, durante o almoço no restaurante universitário da FSP, puderam inverter os papéis: as merendeiras foram servidas! E também admiraram as estruturas da cozinha do lugar.
Coordenadores pedagógicos e cogestores de alimentação escolar
Vibrantes, os coordenadores se moviam de um lado para o outro na tentativa de cumprir a atividade de Educomunicação proposta pela Profa. Dra. Ana Maria Cervato Mancuso. Divididos por equipe, cada grupo deveria criar um programa de vídeo tendo como base o Programa de Alimentação Escolar (PAE) e o papel da educação alimentar na transformação da sociedade.
Bem, em menos de três horas os grupos construíram programas de entrevistas, programa de auditório e outros formatos surpreendentemente criativos.
Assista os vídeos elaborados:
Grupo 1 – Programa de alimentação escolar como política pública
Grupo 2 – O Educador como Educador em Alimentação
Grupo 3 – Alimentação Escolar como um direito
Grupo 4 – Alimentação escolar no planejamento pedagógico
Grupo 5 – Merenda para pobre, merenda, alimentação saudável, comida ou alimentação adequada
Ao final, todas/os as participantes receberam certificados que foram serão entregues no Auditório Paula Souza, e contou com a presença da Diretora do DAE, Erika Fischer, a Secretária Adjunta de Educação,
Drª Emília Cipriano Sanches, o Presidente da Comissão de Cultura e Extensão Universitária da Faculdade de Saúde Pública (FSP), Dr. Leandro Luiz Giatti, a Prof. Dra. do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP), Patrícia Jaime, e o Professor Titular do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP), Dr. Carlos Augusto Monteiro.
Desdobramentos
A ação foi tão bem sucedida que virou uma vontade comum. Tanto as merendeiras, Cogestores e coordenadores pedagógicos quanto pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) desejam realizar mais atividades em conjunto.. Ficou evidente que essa troca fortalece a atuação na teoria e na prática.
Sobre o Prêmio Educação Além do Prato
Este Prêmio teve o objetivo de incentivar ações de mobilização das escolas que promovessem a melhoria de hábitos alimentares dos alunos das escolas municipais de São Paulo, a partir de 3 eixos: a valorização das merendeiras, a promoção da discussão sobre alimentação na comunidade educativa (alunos e suas famílias e educadores) e o engajamento de parceiros e concorrentes da alimentação no âmbito territorial da escola.
Realizado em 2014, foi uma iniciativa liderada pelo Departamento de Alimentação Escolar (DAE) da Secretaria Municipal de Educação em parceria com a Política da Primeira Infância e também contou com o apoio técnico científico da Faculdade de Saúde Publica da USP sob a responsabilidade da professora Betzabeth Slater, docente do Departamento de Nutrição e com a colaboração da Profa. Dra. Ana Maria Cervato Mancuso, também docente do mesmo Departamento.
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