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Palavra ‘educomunicação’ passa a integrar Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
Rede Municipal de Ensino de São Paulo é referência em práticas Educomunicativas cuja missão é promover a Educação Midiática; conheça projetos
Publicado em: 27/08/2021 10h00 | Atualizado em: 20/06/2022
O substantivo feminino “Educomunicação” é umas das mais novas palavras incorporadas ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, no mês de julho. Quando se faz a busca no VOLP pelo termo, de seis exemplos de uso, quatro são práticas da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Segundo o Vocabulário, a definição da palavra é:
- Conjunto de conhecimentos e ações que visam desenvolver ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e criativos em espaços culturais, midiáticos e educativos formais (escolares), não formais (desenvolvidos por ONGs) e informais (meios de comunicação voltados para a educação), mediados pelas linguagens e recursos da comunicação, das artes e tecnologias da informação, garantindo-se as condições para a aprendizagem e o exercício prático da liberdade de expressão.
- Formação e atividade profissional do educomunicador, relacionadas ao estudo e aplicação desses conhecimentos.
Na Rede Municipal de Ensino a Educomunicação teve início com o projeto Educom.Rádio em 2001, que atendeu à época 455 escolas e promoveu a participação de 12 mil educadores, estudantes e membros da comunidade na ação. Ao longo de quatro anos a iniciativa, que era uma das estratégias do Projeto Vida, mostrou-se eficiente no combate à violência em escolas de maior vulnerabilidade social na cidade.
Em 2004, foi criada a Lei Nº 13.941 que instituiu o Programa Educom-Educomunicação pelas Ondas do Rádio na cidade de São Paulo, sancionada no ano de 2005. Foi neste ano, durante uma reunião de pauta entre estudantes que surgiu o projeto Agência de Notícias Imprensa Jovem, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Pedro Teixeira. Em 2016, a agência de notícias alcançou o status de Programa Educacional com a portaria nº 7991.
Para Carlos Lima, professor e coordenador do Núcleo de Educomunicação, da Secretaria Municipal de Ensino de São Paulo, a Educomunicação tem um papel importante como política pública e foi se fortalecendo ao longo dos 20 anos na diversidade das gestões. “Incorporar a Educomunicação como política pública de educação é potencializar as vozes dos estudantes no espaço escolar, contribuir para fortalecimento da democracia e da aproximação da escola e comunidade com a intervenção comunicativa dos estudantes”.
Ele explica que a “Educomunicação é um instrumento de promoção de direito à comunicação e expressão de estudantes, sejam crianças, adolescentes ou adultos”.
Núcleo de Educomunicação
A missão do Núcleo de Educomunicação é promover a Educação Midiática no ensino básico da cidade de São Paulo, desenvolvendo a formação de educadores e contribuindo para o protagonismo e a participação dos estudantes por meio da comunicação e suas tecnologias.
Ao participar dos projetos crianças e adolescentes produzem e realizam leitura crítica da mídia. Entre as iniciativas desenvolvidas estão a Agência de Notícias Imprensa Jovem, Rádio Escolar, Produção Audiovisual, Cinema, Jornal Comunitário, Mídias Sociais na Educação, História em Quadrinhos, Fotografia e muitos outros. Todas as atividades apoiam o fortalecimento das aprendizagens e o desenvolvimento da Educação Integral.
Conheça mais sobre o Núcleo de Educomunicação da SME.
Transformação da linguagem
O termo Educomunicação ter sido incorporado ao Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, é uma importante conquista e reconhecimento a esta área. Para o professor Ismar de Oliveira Soares, idealizador do projeto Educom.Rádio, pesquisador da ECA/USP e presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Educomunicação (ABPEducom), “o reconhecimento da nova-palavra ‘educomunicação’ pela ABL arrasta para fora do tabuleiro a última dúvida dos que ainda resistiam aproximar-se do conceito, alegando que o termo ‘não figurava’ no dicionário.”
Ainda segundo o professor , “a nova-palavra lá estará do mesmo jeitinho e com os mesmos significados pelos quais vinha sendo reconhecida tanto pelo movimento popular quanto pela academia; tanto pelas políticas públicas em áreas como educação, meio ambiente, saúde e assistência social, quanto pelos milhares de crianças e jovens beneficiados por seu emprego”.
Ismar destaca o papel da SME-SP com as ações promovidas pelo Núcleo de Educomunicação: “Alguns desses lutadores foram reconhecidos pela própria nota explicativa do reconhecimento da nova-palavra. Entre estes está a Rede Municipal de Educação da prefeitura de São Paulo. O documento da ABL lembra até mesmo uma tese defendida na Itália sobre o título de L´Educomunicazione brasiliana sulle onde della radio”. Um estímulo e tanto para o avanço da prática educomunicativa na cidade de São Paulo, transformada em referência internacional sobre o tema.
A UNESCO apoia diferentes iniciativas de Educomunicação na rede municipal desde 2008, e Alexandre Sayad, co-presidente internacional da UNESCO MIL Alliance, diz que a linguagem tem um papel muito importante na intermediação das relações e a transformação desta significa também a transformação da realidade. Para ele, “Quando a ABL coloca a Educomunicação como uma palavra e ela começa a ser incorporada na Língua Portuguesa, ela sai do campo do neologismo e passa a ocupar uma posição oficial”. Ele conclui dizendo que estar oficialmente na linguagem “significa muito” porque isso vai além da língua, ela tem um “significado de presença social”.
Agência de Notícias Imprensa Jovem
Criado em 2005, o projeto de educação midiática Agência de Notícias Imprensa Jovem está presente em aproximadamente 100 escolas municipais da capital. Nelas, por meio da produção jornalística multimídia, cerca de 2,5 mil estudantes são protagonistas na ampliação dos canais de comunicação entre a escola e a comunidade.
Os estudantes repórteres também cobrem grandes eventos, como Bienal do Livro e Campus Party e compartilham o conteúdo em blogs, rádios virtuais, YouTube, Facebook e outras mídias. Em 2019, participaram do programa 386 escolas e aproximadamente 12 mil estudantes.
A ação compreende desde a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, até Educação de Jovens e Adultos, passando por um atendimento especial nos Centros de Educação e Cultura Indígenas (CECIs).
Jamily Vitória, 15 anos, teve a oportunidade de participar do projeto, na EMEF Joaquim Osório Duque Estrada. Ela percebe a Educomunicação como um método de ensino no qual educação e tecnologias andam juntas. “Falo por experiência própria que a Educomunicação tem o poder de transformar a forma como crianças e jovens veem a escola, pois leva uma educação de qualidade a todos os estudantes de uma forma didática e democrática”, conta.
Neste ano, uma novidade feita pelos estudantes que participam do projeto são as lives “Imprensa Jovem Entrevista” realizadas no Instagram da SME. Nessas transmissões ao vivo, meninos e meninas educomunicadores de diferentes escolas conversam com convidados especiais sobre temas variados.
Inspiração para educadores de Lauro de Freitas, na Bahia
Em 2017, uma comitiva da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Lauro de Freitas, na Bahia, visitou a EMEF General Júlio Marcondes Salgado para conhecer o projeto de Educomunicação Radio JMS, além desta EMEF estiveram em outras unidades municipais com práticas de Educomunicação. Confira a matéria feita em 2017:
Educadores de Lauro de Freitas visitam projetos de Educomunicação.
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