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Crianças da rede municipal produzem livro digital interativo como forma de combater o preconceito

Livro apresenta diferentes linguagens de comunicação para que o leitor possa interagir e se aprofundar no entendimento do tema

Publicado em: 04/12/2019 18h59 | Atualizado em: 30/11/2020
Imagem com um aluno lendo um livro, e de fundo alunos sentados na mesa lendo.

 

Uma turma de crianças do 3º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Alceu Amoroso Lima, localizada na Zona Leste da cidade, reescreveu a história de Chapeuzinho Vermelho e produziu um livro em versão digital e impressa como forma de combater o preconceito existente entre os estudantes.

A iniciativa coordenada pela Professora de Ensino Fundamental, Gislene Silva, durou quatro meses com 31 crianças e teve por objetivo incentivar o respeito ao outro e a diversidade, além de valorizar a autoestima das crianças e despertar o gosto pela leitura.

A ideia de realizar este trabalho surgiu após a professora constatar que a minoria da turma valorizava sua beleza natural, porém, os constantes apelidos preconceituosos a respeito da cor da pele e do formato dos cachos dos cabelos dos estudantes chamaram à atenção para uma questão social que precisava ser debatida na escola: o preconceito.

O primeiro passo realizado no projeto intitulado: “Azulinda, uma experiência com gêneros digitais na alfabetização,” foi elaborar a seguinte pergunta para reflexão da turma: Como seria a nossa personagem se ela viesse aqui no nosso bairro? Uma parte da turma respondeu “negra”. Desta forma, surgiu a principal personagem da história, Azulinda: uma criança negra, empoderada e inspirada a motivar.

O nome dado a principal personagem da história foi Azulinda, pois por onde andava, sempre usava nos seus cabelos o mesmo lacinho azul que ela ganhou de sua avó, a dona Alice.

O livro narra à história de uma mãe que pede a sua filha para levar doces para a avó. No meio do caminho, a menina encontra um personagem que quer enganá-la. Desta forma, a versão original da obra literária infantil Chapeuzinho Vermelho, uma menina que usava uma capa vermelha, se transforma na versão criada pela turma, uma menina negra que ama os seus cachos e usa um lacinho azul. O lobo é trocado por um garoto que incomoda Azulinda com atos preconceituosos, e o trajeto não é mais feito a pé no meio da floresta, e sim de carro guiado por um motorista de aplicativo.

 

Imagem de uma sala de aula com alunos sentados lendo o livro, e de fundo alunos de pé com livros em suas mãos.

 

Para contar essa história de forma diferente e interativa, as crianças participaram da elaboração de diversos trabalhos que podem ser encontrados no livro, motivando a aprendizagem das crianças em relação às novas tecnologias, além de trazer para sala de aula, situações comunicativas da atualidade.

Os leitores podem interagir com as diferentes linguagens de comunicação apresentadas no livro acessando os links disponíveis nas páginas com “QR Codes”, códigos de barras que podem ser escaneados utilizando um celular com câmera, direcionando o leitor para outras fontes de informação.

 

Alunos com um livro aberto na frente no chão, e olhando para um celular na mão de um deles.

 

As crianças produziram a linguagem escrita do livro tendo a professora como intermediadora do texto, assim puderam organizar o discurso e aprender conteúdos gramaticais, textuais e discursivos. Azulinda proporcionou às crianças a oportunidade de produzir a linguagem escrita, interagir durante os trabalhos, comunicar por meio de práticas sociais parecidas com aquelas que se realizam em contextos públicos, expandindo o espaço comunicativo para além dos muros da escola.

 

Alunos mostrando sua foto no livro que está em suas mãos.

 

Resultados – O resultado desse trabalho é observado nas produções de textos dos alunos e alunas ao final do processo. Segundo a professora Gislene, após a realização deste trabalho as crianças passaram a escrever com maior segurança, utilizando na maioria das vezes, aspectos gramaticais e ortográficos convencionais em seus textos.

A turma como um todo passou a ser mais compreensiva, revela Gislene, criaram vínculos afetivos que antes não eram percebidos. Isso tudo porque Azulinda ajudou as crianças a descobrirem-se como alguém que pode construir um mundo mais tolerante, justo e com igualdade de condições. Tais mudanças também puderam ser vistas pelos pais, que relataram mudanças significativas de comportamento. Azulinda, muito mais que uma menina negra, empoderada, é uma menina feliz e de bom coração que passou a servir como referência para as crianças.

 

Imagem de uma sala de aula com os alunos segurando o livro "Azulinda"

 

Inclusão – O livro Azulinda foi impresso em tamanho A3 para estudantes com baixa visão que estudam na Unidade Educacional. Em breve haverá uma versão em Libras, pois durante a leitura, existe a possibilidade do leitor se aprofundar nos temas abordados com vídeos. Durante a narrativa do livro, foram trabalhados o combate as mais variadas formas de preconceito e as crianças aprenderam a importância de valorizar a diversidade e respeitar as diferenças.

Livro versão digital – Para ter acesso ao livro, basta clicar neste link para fazer o download.

Instagram – Os estudantes escolheram o nome do perfil “azulindaoficial” e fizeram publicações juntos. Esse trabalho permitiu aos pais acompanhar um pouco mais de perto o desenvolvimento do trabalho. Clique neste link e acesse a conta.

Relato de Experiência – Tenha acesso ao relato do projeto contando mais detalhes sobre esta ação clicando no link.

Vídeos – Para assistir aos vídeos gravados pela turma, clique no link

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