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CIEJA promove iniciativas para aproximar alunos haitianos e brasileiros

O CIEJA Perus I, desde sua inauguração, atende cerca de 190 haitianos dentre os demais 900 alunos matriculados.

Publicado em: 16/11/2017 13h45 | Atualizado em: 30/11/2020

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A fim de estreitar os laços entre brasileiros e haitianos o Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Perus I, na zona norte de são Paulo, realizou uma festa dia 24 de junho de 2017 cujo objetivo era integrar a comunidade haitiana da região, que cresceu significativamente no último ano.

Segundo a Coordenadora Geral, Franciele Busico Lima, no início os alunos haitianos pouco interagiam com os demais o que criava uma atmosfera pouco propícia para um real aprendizado. Com a ideia de que comida e cultura unem as pessoas tiveram a ideia de realizar uma celebração para enaltecer a cultura haitiana e esclarecer as dúvidas e alguns preconceitos de nós brasileiros.

A Unidade Escolar se mobilizou para produzir e valorizar os imigrantes haitianos através de aulas de kompa (música e dança típica do Haiti), pesquisa e produção de material decorativo entraram na programação dos professores. A culinária haitiana foi uma grande protagonista e meio de integração. Os haitianos ficaram à frente da escolha do cardápio, programação cultural e da divisão de tarefas, bastante orgulhosos em apresentar sua cultura para a comunidade.

O menu da festa foi rico e variado com pratos como Diri ak Dyondyon (Arroz com cogumelo), Fritay (Banana frita com carne assada e salada de repolho) e Salade Haitienne (Salada haitiana). Na opinião dos que experimentaram, a comida é muito bem temperada, pois, embora compartilhemos grande parte dos alimentos em ambas as culturas, os condimentos e a forma de preparo entregam uma experiência totalmente diferente.

A organização e o senso de coletividade dos haitianos também impressionaram: “Ao vê-los trabalhar na cozinha, durante os preparativos da festa, observa-se como eles se movem como um organismo vivo. Ao se ausentar de alguém, logo aparece outro para assumir a posição e dar prosseguimento ao trabalho”, orgulha-se a professora Cristiane Fialho. E continua “O que nos surpreendeu foi ver como os haitianos possuem convenções e formalidades que transformam uma festa em um momento muito simbólico. A forma de servir o alimento. Se vestir e de cantar o hino nacional haitiano antes do início da cerimônia demonstram como eles são honrados de sua história, é a marca de sua liberdade de voz e crença. Após a celebração percebeu-se uma notória diferença no relacionamento entre os alunos, “agora eles passam e se cumprimentam na entrada da escola”, afirmou Cristiane.

No último dia 21 de outubro aconteceu outra celebração, agora com o foco na cultura brasileira. Haitianos e brasileiros interagiram ao som do maracatu e se inspiraram em escrever um livro de receitas haitianas e brasileiras trilíngue (haitiano, português e francês), além de introduzir alguma receita haitiana no cardápio da escola com a ajuda das merendeiras Silvania da Silva e Clicia Guimarães, que contam um pouco da receptividade dos alunos haitianos com a comida brasileira: “A aceitação é muito boa. Eles gostam muito de carne e chegam sempre com fome, já que muitos vêm direto do trabalho para cá, no período da noite”.

Esta iniciativa foi uma das ganhadoras do 2° Prêmio Territórios Educativos promovido pelo instituto Tomie Ohtake que premiou iniciativas que fomentam o desenvolvimento da comunidade através da educação e cultura. O CIEJA ganhou com isso a gravação de um curta documental que mostrará os trabalhos da unidade, e as professoras envolvidas serão contempladas com uma bolsa de graduação e pós-graduação para continuarem se aprimorando.

Histórico – A subprefeitura de Perus recebeu os primeiros imigrantes haitianos em 2010, período em que grandes desastres naturais assolaram a ilha caribenha. Nos anos seguintes a procura pela região aumentou e teve seu boom no final de 2015. “Os alunos haitianos encontram-se em diferentes estágios de formação. Enquanto alguns não frequentaram a escola outros já possuem ensino superior, mas devido a perda de documentos ou as dificuldades de tradução e oficialização dos mesmos no Brasil todo esse histórico se perde e assim eles tendem a recorrer a empregos que não requerem alta formação.” Coordenadora geral.

OS CIEJAS são unidades de ensino fundamental, o que em um primeiro momento pode não parecer muito interessante para os já formados, mas como o foco dos haitianos é o aperfeiçoamento da língua o simples contato com o ambiente acadêmico e os demais alunos os estimula ao aprendizado. E de olho nessa carência o CIEJA também elaborou aulas exclusivas de português, geografia e história do Brasil para estes alunos. A iniciativa gerou grande visibilidade para a unidade que já recebe alunos haitianos de fora da região de Perus, que enxergam na unidade um ambiente de acolhimento e aprendizado.

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