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Aulas de Balé transformam vida de estudantes em Escola Municipal
Aulas de balé da EMEF Professor André Rodrigues de Alckmin envolvem cerca de 100 estudantes
Publicado em: 03/12/2019 18h11 | Atualizado em: 06/08/2021Educar por meio da dança. Esse é o sonho da Professora Alessandra Gomes, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professor André Rodrigues de Alckmin, situada no bairro Jardim Santa Terezinha, região da Brasilândia. Idealizadora do projeto de balé em sua escola desde 2012, hoje ela ensina para cerca de 100 estudantes.
Além de Pedagoga e Professora de Educação Física, Alessandra é bailarina formada pelo Theatro Municipal de São Paulo em técnica Clássica e Contemporânea. Ela leciona há 17 anos na Rede Municipal de Ensino (RME) e há 15 iniciou exercício na EMEF, onde pelo oitavo ano dá aula de balé para os alunos da unidade.
Alessandra conta que quando teve a iniciativa de abrir a primeira turma de balé na escola, algumas pessoas não acreditavam que haveria demanda, principalmente pelo fato desta dança não ser popular na região e no cotidiano das crianças. Obstinada, ela tentou. “Se cinco crianças tivessem interesse eu já ficaria muito feliz, porém quando fechou o período de inscrições já tínhamos cerca de 70 alunos interessados”, conta a professora.
Aos poucos, a educadora e suas alunas, foram ganhando espaço e estrutura na escola. Uma sala especial para a prática de balé – com espelho, barra, ar-condicionado, aparelho de som e piso de linóleo, que pode ser deslocado para outros ambientes.
Atualmente são cerca de 100 alunos, de 6 a 14 anos, frequentando as suas aulas no contraturno escolar e, divididos em 10 turmas. Os grupos de nível iniciante são atendidos durante uma hora semanal e os de nível intermediário e avançado em duas vezes na semana, sempre na extensão de jornada escolar. Em época de ensaios para os eventos, os horários são intensificados. São quatro horas semanais para os níveis intermediário e avançado, para as turmas de iniciante aumenta mais uma hora.
A professora conta que cerca de 10 meninas já fazem exercícios com a sapatilha com ponteira de gesso. “Para estar neste nível é necessário ter entre cinco ou seis anos de balé. A musculatura tem que estar bem fortalecida para ir para a ponta. É um trabalho árduo na barra, de centro e de postura, além de um trabalho psicológico, pois é necessário também trabalhar a ansiedade”, ressalta Alessandra.
A fala dos estudantes
Maria Eduarda de Oliveira tem 11 anos e considera que as aulas são maravilhosas. “Sou a primeira a fazer balé na minha família”, comemora a menina que adora escrever histórias fantásticas e sonha em um dia ser professora.
“Aqui a gente pode se expressar através da dança. Quando estamos tristes e alegres, para tudo é possível dançar e se expressar”, ressalta Amanda Chagas Menezes, de 12 anos.
Além das garotas que frequentam as aulas, há o Luiz Felipe Paz, estudante de 13 anos e que cursa o 6º ano na escola. “Eu acho que o meu talento é dançar. Comecei no hip hop e agora estou no balé. Foram difíceis as primeiras aulas, mas dançar me faz feliz”, confessa, dizendo ainda sofrer preconceito na escola e em sua casa por dançar. “Muita gente ainda diz que balé é coisa só de mulher. A professora e a minha avó tiveram que convencer meu pai a me deixar participar das aulas. Agora já tenho roupa de dança e sapatilhas”, comemora o garoto que também participa do projeto de teatro na escola e faz capoeira em outra escola do seu bairro.
Laís Oliveira de Souza tem 19 anos e desde que terminou a oitava série não é mais aluna da EMEF. Hoje ela está prestes a iniciar faculdade de Educação Física e agradece ter a presença da professora em sua vida. “A professora Alessandra é como uma mãe para mim. Ela me ensinou praticamente tudo o que sei, no balé e na vida. Ela contribuiu para o meu autoconhecimento. É por causa dela que quero estar no balé por toda a minha vida”, disse a garota que já dá aulas de balé clássico em uma escola particular para cerca de 50 meninas e que dedica pelo menos 10 horas semanais para monitorar as aulas na EMEF em que estudou. “É o mínimo que eu posso fazer. Como eu também fui uma criança com o sonho de ser uma bailarina, hoje posso ajudar outras meninas a serem bailarinas profissionais também”, enfatiza.
“A Laís tinha muitas dificuldades quando iniciou em 2012. Mas a vontade dela de melhorar, crescer e de ter uma postura melhor pra vida dela foi tão grande que há anos ela se tornou a minha monitora. Foi uma construção. Ela aprendeu a andar, a se posicionar, para depois dançar. É motivo de muito orgulho para mim”, comemora a professora Alessandra.
Ciente do quanto o trabalho que desenvolve na escola é importante para os estudantes e para a comunidade, a professora é enfática. “Acredito que o balé não é só um instrumento de expressão corporal. É um movimento que vai além da postura física, transforma a maneira das pessoas de lidar com a vida”.
Escola da Brasilândia promove sua oitava mostra de dança
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