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Arte Ndebele no CIEJA Vila Maria
Projeto estimula autonomia e reflexão sobre as relações étnico-raciais por meio de atividades artísticas
Publicado em: 17/06/2016 12h33 | Atualizado em: 04/05/2021![arte_Ndebele_CIEJA_Vila_Maria_740_x_430.jpg](http://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/Portals/1/Images/Noticias_junho_2016/29467.jpg)
No Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Vila Maria, da Diretoria Regional de Educação (DRE) Jaçanã / Tremembé, alunos com deficiência são incentivados a refletirem sobre as relações étnico-raciais e indígenas por meio de atividades artísticas em suas atividades escolares.
A ação é desenvolvida com os jovens e adultos com deficiência que participam de atividades na Sala de Apoio e Atendimento à Inclusão (SAAI) do CIEJA, com a professora Graziela Dias, pedagoga e Especialista em Educação Especial. A proposta está em acordo com as Leis 10.639/03 e 11.645/08 que dispõem, respectivamente, sobre a obrigatoriedade das temáticas “História e Cultura Afro-Brasileira” e “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” no currículo oficial do Ensino Fundamental e Médio das escolas nacionais.
A partir de pesquisas e do envolvimento dos alunos com outras culturas, escolheram trabalhar com um elemento da cultura da tribo Ndebele – pequeno povoado localizado na África do Sul, que ancestralmente desenvolve grafismos simétricos, com padrões multicoloridos que são estampados nas paredes das casas. Esta arte é desenvolvida prioritariamente pelas mulheres da tribo.
A professora conta que apesar dos estudos evidenciarem que a estrutura social da tribo Ndebele é patriarcal a herança artística dos grafismos é passada de mãe para filha. Nas aulas, após um pouco de recusa dos garotos da turma e momento de discussão, os alunos entenderam que a atividade não deveria ser limitada apenas às mulheres e que todos poderiam produzir seus próprios grafismos.
Após a compreensão da proposta, a produção iniciou com a pesquisa dos grafismos na internet para repertoriar os alunos. Em seguida foi feita a seleção de materiais. “Sabemos que os grafismos são executados à mão livre, contudo, optamos por iniciar nosso trabalho empregando moldes em respeito a alguns alunos com deficiência que apresentam algumas dificuldades”, disse a professora Graziela, que ressaltou o grande desafio que é para alguns alinhar as folhas, moldes, mesmo segurados por clipes.
A atividade seguiu com a pintura dos grafismos, a escolha das cores das tintas foi livre. Os alunos foram orientados a lavarem seus próprios pinceis a cada troca de tinta. “A ação estimula autonomia, auxilia em nosso processo de ensino/ aprendizagem e atividades da vida diária, respeitando o currículo funcional”, diz a professora.
Incentivo a autonomia – Concluída a etapa dos grafismos, seguiram para a segunda parte da atividade. Os alunos foram fotografados e a imagem de cada um foi impressa na secretaria da escola. Também como parte da proposta eles tiveram que se encaminhar até a impressora e solicitar sua fotografia, sem auxílio. “Alguns não conheciam a secretaria da escola. Os mais tímidos ou envergonhados se superaram ao entrar em contato com os funcionários para pedir sua foto, outros se perderam pelo meio do caminho, mas foram procurados por seus pares. Enfim, após ‘ires e vires’, todos se encontraram”, comemorou Graziela.
As imagens foram plastificadas com cola e penduradas para secar. Em seguida cada rosto foi enfeitado com adornos africanos, como turbantes, gorros, brincos e colares. A elaboração e a colocação dos acessórios aconteceu de forma colaborativa. “Escolhemos tecido, e materiais que os comporiam, como também a forma e a disposição. Ao final todos foram convidados a assinar as obras de arte, o que, para alguns, também é um desafio”, explicou a professora.
O Assistente Pedagógico do CIEJA, Marcos Peter Pinheiro Eça, relata que as salas possuem em média 20 alunos, alguns com múltiplas deficiências, e que o fato das atividades despertarem a colaboratividade reforçam também a necessidade da autonomia. “Apesar de parecer simples, o projeto estimulou muitas habilidades. Todos conseguiram colocar a sua marca e assinar o próprio nome nas produções e isso já é um grande avanço”, completa Marcos.
Confira a galeria de imagens.
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