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Trabalho sobre romantismo resulta em mural, exposição e livro feitos por estudantes

TCA sobre o tema feito pelos alunos da EMEF Maria Aparecida Rodrigues Cintra se desdobrou em várias ações

Publicado em: 28/12/2021 18h29 | Atualizado em: 25/08/2022

Fotografia do mural de graffiti chamado "Pindorama" com imagens da flora, fauna e povos originários.

Os estudantes dos 9º Anos A e B da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Profª. Maria Aparecida Rodrigues Cintra, localizada na região da Brasilândia, juntamente com um grupo de professores estudaram o tema “Romântico, demasiado romântico: estudos sobre os resquícios do Romantismo no contexto escolar” como proposta do Trabalho Colaborativo de Autoria (TCA), em 2021. A ação resultou em um mural de graffiti, exposição em biblioteca do bairro e na publicação de um livro que traz reflexões acerca do tema e do cotidiano escolar, inclusive, em tempos de pandemia.

O TCA é uma prática pedagógica desenvolvida com os estudantes do 7º ao 9º Ano do Ensino Fundamental. Os temas podem se referir a problemas sociais e comunitários, observados nos respectivos territórios onde moram ou estudam. Para saber mais sobre o Trabalho Colaborativo de Autoria, clique aqui.

A ideia inicial do projeto surgiu na aula de Arte com o professor Fellipe Eloy Teixeira Albuquerque. Aderiram a esta iniciativa Adriana de Carvalho Alves Braga, professora de História, a Professora Orientadora de Educação Digital (POED), Clara Fonseca Possebon, além do também professor de Arte, Franclin Oliveira dos Santos.

 “Eu estava interessado em orientar o TCA a partir da perspectiva rizomática e plural, encarando o TCA no plural, TCA’s, e não TCA apenas, ou seja, uma proposta que resultasse em vários experimentos. Nunca pensei em produtos finais, afinal educação não é ‘produto’, nem mercadoria, mas em experiências multiplicadoras,” contou o professor Fellipe. Ele disse ainda que seu foco de interesse é “investir em propostas que possam levar o que é aprendido na Unidade Escolar para além dos muros da escola”.

Os estudantes criaram um mural de graffiti chamado “Pindorama”. O mural foi pintado nos fundos da escola na parede das casas vizinhas que cederam o espaço para a atividade educativa. A pintura foi desenvolvida a partir da técnica de estêncil nas aulas de Arte. O trabalho conversa com o modo de representação romântico e traz imagens da flora, fauna e povos originários.

“Minha mão estava ali, entendeu? Alguns animais fui eu quem fiz”, conta Cesar Ledra Junior, estudante do 9º Ano A. Além de ter aprendido a usar o estêncil, e pintar do jeito correto, Cesar conta que ao misturar a tinta para reaproveitá-la, sentiu uma satisfação em participar do projeto que vai deixar a marca da sua presença na escola por muitos anos. Ele acrescenta que a parede se transformou em algo vivo, e que antes nem percebia sua existência. “A gente transformou num negócio vivo, cheio de cor, de animais. Muito legal!”, completa.

Sabrina Lima Primo, estudante do 9º Ano A, diz que foi uma experiência incrível e enriquecedora. “Eu pude superar alguns desafios, além de aprender muito juntamente com outros estudantes e o próprio professor. Essa obra, sendo realizada em um ano ainda pandêmico, acabou sendo feita de forma a tirar os estudantes de uma rotina automática, proporcionando que os mesmos tenham contato com a Arte de maneira que possam transformar o ambiente com um propósito”.

Além do mural de graffiti, aconteceram rodas de conversa onde as duas turmas puderam discutir sobre temas transversais relacionados aos resquícios do romantismo como a idealização da família, precarização do trabalho, entre outros.

Em parceria com a Biblioteca Afonso Schmidt, a escola organizou uma exposição temporária chamada “Us Mitus”. A exposição contou com obras interativas, além de uma performance de teatro e quadros produzidos pelos estudantes dos 9º Anos A e B.

Veja a galeria de fotos:

A professora de História, Adriana de Carvalho Alves Braga, falou que o trabalho não se restringe apenas ao mural, pois foram desenvolvidas muitas outras ações de intervenção na escola e outras atividades em articulação com o território. “Para além das expressões artísticas, dos debates em sala de aula, das rodas de conversas que fomos realizando no decorrer do ano letivo, fizemos também intervenções no espaço e fomos impactados por isso”, argumentou.

As turmas fizeram atividades na Casa de Cultura da Brasilândia, participaram da oficina com a escritora e educadora Kiusam de Oliveira. Durante o deslocamento entre escola e o espaço, por exemplo, ocorreram conversas entre estudantes e professores, reflexões sobre o território. Nas rodas de conversa tratam de diferentes assuntos, sempre consideram o que foi levantado pelos estudantes por meio de um questionário de indicação de temas.

“O TCA está envolto em diversos outros assuntos que tratam principalmente das questões mais integrais do sujeito, da afetividade, da criação de vínculos, da compreensão do meio em que estão vivendo os estudantes para poder fazer as intervenções sociais. É um processo reflexivo, é um processo ativo e que não se restringe apenas a produção de coisas bonitas, mas a boniteza do processo educativo na relação de professores e estudantes”, acrescenta.

E finaliza: “A gente vê o projeto de TCA impresso nas paredes da escola. Quando a gente entra, vemos a marca dos estudantes, seja no muro grafitado, das letras especiais que os estudantes elaboraram junto com o professor Fellipe, seja no mural, seja nos bancos da pracinha e em diversas outras iniciativas que podem não estar sendo vistas materialmente, mas são vividas cotidianamente por esses estudantes”.

O livro

No mesmo dia da abertura da exposição realizada na primeira quinzena de dezembro aconteceu o lançamento do livro intitulado “Romântico, demasiado romântico: estudos sobre os resquícios do Romantismo no contexto escolar” escrito pelo professor Fellipe em parceria como o estudante do 8º Ano B, Otávio Silva Rossetti Cardoso, o MC Roo7.

Otávio relata que o professor Eloy o ajudou a realizar um sonho que ele nem sabia que tinha e que ter participado de um livro foi uma oportunidade muito bacana. “Eu amei ter participado. Pós-lançamento do livro as pessoas elogiando, pedindo autógrafo. […] Espero fazer outros livros com o professor Eloy e meu também. Agradeço ele eternamente por isso, meu primeiro livro, e pode ter certeza que isso me inspirou a fazer mais”, disse.

O livro está organizado em duas partes: uma para teorizar a ideia de que se vive sob influência do Romantismo, destinada a professores e pesquisadores; e outra para mostrar o diálogo entre os diferentes atores da escola diante de tal contexto, dedicada ao público mais diversificado, conta com algumas letras do Mc Roo7 e também do professor Fellipe.

Clique aqui para acessar o livro gratuitamente.

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