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Educadores se reúnem para Seminário de Educação Integral

Troca de experiências sobre a concepção de Educação Integral nas escolas municipais

Publicado em: 16/11/2017 17h39 | Atualizado em: 04/05/2021

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Com o objetivo de potencializar as discussões acerca da concepção de Educação de Integral nas escolas municipais de São Paulo, a Secretaria Municipal de Educação (SME) promoveu o Seminário de Educação Integral “Territórios Educativos: outras geografias possíveis”. A ação ocorreu na segunda, 13 de novembro, na Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD) e proporcionou a troca de experiências sobre a concepção de Educação Integral.

“A Educação Integral não é uma modalidade, é um conceito, uma concepção que precisa ser internalizada, discutida e refletida. Este seminário tem o objetivo de trazer um pouco dessa reflexão a partir de outros olhares, com as práticas das escolas e dos educadores da rede, tendo em vista a sua comunidade e repensando a prática existente nas unidades educacionais”, ressaltou o Coordenador dos CEUs e de Educação Integral, Rafael Sandalo Palhares, durante a abertura do evento.

O Diretor de Educação Integral da SME, Emanuel Pinheiro Junior, apresentou a proposta do Seminário e enfatizou que o “conceito de Território Educativo nos remete a uma concepção abrangente de educação, em que o processo educativo confunde-se com um processo amplo e multiforme de socialização. Neste contexto, nosso pressuposto será o de considerar este espaço/território não apenas como estrutura física – grande/pequeno, feio/bonito – mas como lugar de vida, de relações, não como algo passivo, continente, mas como conteúdo e sujeito deste processo que o qualifica, interferindo na vida de quem o ocupa”, disse Emanuel.

O Secretário Adjunto Municipal de Educação, Daniel De Bonis, também marcou presença no evento e falou sobre as melhorias que estão previstas para o Programa São Paulo Integral e sobre a necessidade do compartilhamento das práticas. “O que mais vai fazer esse projeto amadurecer, crescer e ser multiplicado é, de fato, o compartilhamento dessas experiências. O Projeto de Educação Integral em tempo integral foi integrado ao Plano de Metas da Prefeitura de São Paulo, está como um compromisso público da gestão e prevê que até 2020 a gente consiga dobrar o número de escolas e turmas em tempo integral. Ao fazer isso, estaremos em um caminho muito promissor para alcançar o plano de metas de 2025, que é ter 50% das escolas com Educação Integral em Tempo Integral”, observou De Bonis.

Experiências nos Territórios Educativos

Professores e gestores da Rede Municipal de Ensino puderam expor as práticas com Educação Integral em seus Territórios Educativos ao público presente, enquanto pesquisadores fizeram as relações teóricas sobre o assunto. Para falar sobre Educação Integral na Educação Infantil esteve presente a Professora Lucrécia Croscrato, Coordenadora Pedagógica da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Intendente Gomes Cardim, da Diretoria Regional de Educação (DRE) Penha. A educadora apresentou alternativas que otimizam o espaço da unidade escolar e possibilitam experiências diversificadas no cotidiano escolar, mesmo em construções com pouco espaço.

Como representante do Ensino Fundamental, esteve presente Kleber Willian Alves da Silva, diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Celia Regina Lekevicius Consolin, da DRE Jaçanã/Tremembé. Ele mostrou de qual forma a escola vem vencendo os desafios de estar localizada em uma área geograficamente desfavorecida – sua unidade fica no bairro Chácara Bela Vista, entre a Marginal Tietê e Avenida Educador Paulo Freire, ambas de fluxo intenso – e de difícil acesso aos bens culturais da cidade. Kleber relatou que o Projeto Político Pedagógico da unidade prevê atividades e discussões que potencializam a Educação Integral na perspectiva da descolonização do currículo e que os Trabalhos Colaborativos de Autoria (TCA), no mesmo sentido, buscam tratar de temas emergentes, como moradores de rua, homofobia, valorização da mulher negra e literatura marginal.

Kleber também contou que há um processo de ocupação de todos os espaços da escola e de desemparedamento dos ambientes. Atividades diferenciadas de slackline, contação de história, musicalidade e jogos de tabuleiro como Xadrez e Mancala Alawê fazem parte do cotidiano dos estudantes. Ele enfatizou que também são frequentes as saídas dos estudantes para a ocupação de diversos locais da cidade, com o intuito de ampliar o repertório cultural das crianças e jovens. “Ocupamos a cidade como potencial educativo e para o despertar de sonhos possíveis”, diz o diretor, com orgulho, ao enfatizar que os professores já foram com alunos ao Beco do Batman e à Secretaria Municipal de Educação utilizando o transporte público.

A Assistente de Direção Sonia Mara da Silva, do CEU EMEF José Saramago, da DRE Campo Limpo, apresentou as práticas de sua unidade, que também é polo de atendimento bilíngue para surdos na zona sul. Com 1100 alunos em dois turnos de atendimento, a unidade possui 56 estudantes surdos e 46 com outras deficiências. Entre as atividades que promovem Educação Integral na sua unidade, Mara conta que há atividades de expansão de jornada de composteira, horta pedagógica e culinária e que Libras já é um território de saber fixo entre essas atividades. “É necessário que os alunos surdos tenham a oportunidade de permanecer mais tempo na escola, pois, na maioria das vezes, a escola é o lugar onde eles mais têm contato com a língua dos sinais. A gente pensa que não dá mais pra discutir Educação Integral, se vai ter ou não, a Educação Integral é necessária. O que precisamos fazer é discutir essa estrutura e melhorar a oferta. A gente pensa que o espaço-escola precisa ser intenso, autêntico e criativo. Dentro disso, as experiências são democráticas, porque elas envolvem todos os sujeitos da escola. São prioritárias aos estudantes, mas têm os funcionários, professores e comunidade envolvida”, comentou a Assistente de Direção.

Mesa de debates

Na segunda parte do evento, falando sobre “Novos espaços e tempos para a educação escolar: desafios para o currículo”, esteve a Professora Doutora em Educação Claudia Galian, que atua na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP. Para ela, “o grande desafio é entender que nada é ‘mais currículo’ que outra coisa. Não existe uma valorização diferente entre esses conhecimentos, o que precisa existir é uma discussão séria do que são esses alunos, nesta escola, neste momento de seus desenvolvimentos e, a partir daí, a gente faz as escolhas em termos de conhecimentos das disciplinas, conhecimentos dos territórios e vê o que é que vai compor o nosso projeto formativo específico”. Ela enfatizou que fazer escolhas para o currículo “não é uma atividade neutra, é uma escolha sobre qual tipo de educação você deseja para os estudantes daquela escola”.

Anna Penido, Diretora Executiva do Instituto Inspirare, falou sobre “Educação integral e integrada, com propósito e com sentido”. Para ela, não adianta só fazer uma porção de saídas para espaços externos. “Os espaços da escola também são importantes. Ressignificar os espaços dentro da escola, os espaços de sala de aula, os espaços usados fora da sala de aula e criar espaços que sejam multipedagógicos por si só, e que não sejam apenas a reprodução dos modelinhos de carteiras enfileiradas”, enfatizou Penido.

Ao final do encontro, foi proposta uma mesa de diálogo com todos os educadores que expuseram suas experiências. Com a mediação da Professora Doutora em Biologia Celular, Ana Paula Z. S de Pietri, o público interagiu com questionamentos e proposições sobre a Educação Integral em tempo integral.

Confira a galeria de fotos do evento.  

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